Descobertas “praias fluviais” debaixo da camada de gelo da Antártida

euphro / Wikimedia

Fiorde Bourgeois, Antártida

Uma paisagem subterrânea, que terá sido preservada sob a camada de gelo da Antártida Oriental entre 14 a 34 milhões de anos atrás, foi descoberta e pode vir a dar-nos respostas mais concretas sobre a forma como aquele continente pode vir a responder às alterações climáticas.

Um estudo publicado esta terça-feira, na Nature Communications, revelou a existência de uma paisagem oculta moldada por rios e glaciares, debaixo da camada de gelo da Antártida Oriental.

A paisagem subterrânea foi detetada através de medições de radar e poderá vir a ajudar na compreensão da resposta da Antártida às alterações climáticas.

Os cientistas, da Universidade de Durham (Reino Unido) identificaram uma região denominada “Highland A”, que cobre uma área de 32.000 quilómetros quadrados e apresenta três blocos de terra separados por canais semelhantes a fiordes.

Os investigadores sugerem que as formações poderão remontar à época em que a Antártida se separou do supercontinente Gondwana, há cerca de 180 milhões de anos.

Os “fiordes” terão sido depois moldados por rios e mais tarde esculpidos por glaciares há 14 a 34 milhões de anos.

O líder da investigação Stewart Jamieson explicou ainda que os glaciares alteraram a função de agentes erosivos para mecanismos protetores, de modo a preservar a paisagem sob a camada de gelo. “Se houvesse um grande recuo [da camada de gelo], a paisagem teria sido eliminada”, disse, citado pela New Scientist.

A descoberta de “Highland A” é de particular importância para a ciência do clima.

“A Antártida Oriental é o elefante na sala e precisamos entender quão estável tem sido ao longo dos últimos milhões de anos”, considerou, à New Scientist, Mathieu Morlighem da Universidade de Dartmouth em New Hampshire (EUA).

ZAP //

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