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Empresário capturado 10 anos depois do caso “Mães de Bragança”

Uma das fotografias publicadas no Facebook que ajudaram a PJ a encontrar Camilo Gonçalves (foto: DR)

Uma das fotografias publicadas no Facebook que ajudaram a PJ a encontrar Camilo Gonçalves (foto: DR)

O mais conhecido empresário da noite arguido nos processo desencadeados pelas “Mães de Bragança” foi capturado pelas autoridades depois de quase uma década foragido à justiça, confirmou hoje fonte da Polícia Judiciária (PJ).

Camilo Gonçalves foi capturado esta segunda-feira na fronteira de Quintanilha, em Bragança, pelas autoridades que já algum tempo seguiam os passos do indivíduo que, de acordo com a fonte, “continuou no negócio” da noite ao longo destes anos. O empresário foi julgado à revelia em julho de 2007 e condenado a nove anos de prisão.

Estava foragido desde a noite da mega rusga policial, a 15 de fevereiro de 2004, que encerrou as três principais casas noturnas ligadas ao alterne com mulheres brasileiras em Bragança. Durante o julgamento, o advogado de defesa disse ao tribunal que o arguido se encontrava na Venezuela.

Ultimamente estaria a residir em Setúbal, segundo as autoridades. A fuga de Camilo Gonçalves Camilo Gonçalves era proprietário do estabelecimento Montelomeu, conhecido por ML, e apontado como um dos principais implicados no fomento à prostituição (lenocínio) e apoio à imigração ilegal em Bragança.

O processo judicial que envolveu este empresário é um dos três desencadeados pelo movimento ”Mães de Bragança” e que levou ao banco dos réus 14 pessoas entre proprietários, gerentes e empregados dos estabelecimentos de diversão noturna.

O Tribunal condenou os principais arguidos a devolver quase 2,5 milhões de euros ao Estado por entender ser o valor do lucro obtido com a atividade ilícita. No processo que envolveu Camilo Gonçalves, com um total de seis arguidos, todos condenados, o Tribunal apurou um valor de 1,8 milhões de euros a devolver ao Estado, determinou a perda também a favor do Estado do imóvel onde funcionava a discoteca ML e cessou o direito de trespasse da atividade comercial de outra discoteca.

 

Um caso com uma década

O primeiro processo foi julgado em 2004 e resultou na condenação do proprietário do bar Top Model a sete anos de prisão e a pagar 360 mil euros ao Estado.

No mesmo processo foi ainda condenada a companheira do arguido principal conhecido como Podence, que fugiu quando se encontrava em casa com pulseira eletrónica. Em 2005, outros seis arguidos foram condenados pelos mesmos crimes, com penas até sete anos de prisão, entre eles o proprietário de outras das casas de alterne, o Nick Havanna, Domingos Celas Pinto, que acabou também por fugir às autoridades.

O empurrão das Mães de Bragança Em Abril de 2003, um grupo de quatro cidadãs deram conta à Lusa de um abaixo-assinado que puseram a correr pela cidade contra a prática da prostituição, num movimento que ficou conhecido como “Mães de Bragança”.

O documento foi entregue a diversas entidades locais, designadamente à Câmara, Governo Civil e Polícia, e teve eco além fronteiras. A revista norte-americana Time fez do tema capa de uma das suas edições europeias de outubro de 2003, classificando Bragança como o “novo bairro vermelho da Europa”.

Várias entidades locais reagiram considerando a projeção exagerada, mas algum tempo após a publicação uma das maiores rusgas policiais de sempre na região encerrou os principais estabelecimentos conotados com a atividade e deu origem aos processos judiciais.

/Lusa

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