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Fixação das taxas de juro pode passar para autoridades públicas

Jörg Asmussen, BCE (foto: Martin Jost / wikimedia)

Jörg Asmussen, BCE (foto: Martin Jost / wikimedia)

O alemão Joerg Asmussen, membro do Banco Central Europeu (BCE), admitiu este sábado numa entrevista a um jornal alemão a possibilidade de a fixação das taxas de juro de referência passar para a esfera pública, passando a ser fornecida pelas autoridades.

O escândalo em torno da manipulação de importantes taxas de juro, entre as quais a Euribor (que serve de referência para o mercado interbancário na Zona Euro), que levou à imposição de multas recorde a um conjunto de bancos, levanta dúvidas sobre a eficácia dos sistemas de controlo internos e externos, assinalou o responsável ao Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung, segundo a agência Bloomberg.

De acordo com Asmussen, estes episódios devem levar à ponderação sobre a possibilidade de as autoridades públicas substituírem os participantes no mercado, isto é, os bancos, na definição das taxas de referência.

O membro do BCE afirmou ainda que “não pode haver uma pausa na regulação”.

No início de novembro, foi noticiado que a União Europeia vai impor multas multibilionárias a um conjunto de bancos por manipulação de importantes taxas de juro, designadamente da Euribor.

O Royal Bank of Scotland, o Deutsche Bank e o Société Générale já estão prontos para pagar as multas em dezembro, depois de terem chegado a um acordo com Bruxelas.

O JPMorgan, o HSBC e o Crédit Agricole podem pagar mais tarde, sem terem chegado a qualquer acordo, adianta o diário económico britânico.

O Société Générale e o Crédit Agricole recusaram-se a comentar o assunto, quando questionados pela agência noticiosa AFP.

Os bancos que chegaram a acordo podem esperar uma multa reduzida.

A Libor e a Euribor são estimativas das taxas às quais os bancos emprestam dinheiro uns aos outros e são baseadas em informação fornecida por um painel de bancos.

Estes valores são usados depois para estabelecer um vasto conjunto de contratos e produtos financeiros, no qual servem de referência. Como exemplo, servem de indexante para os contratos de crédito à habitação.

A manipulação destes produtos já conduziu a significativas multas a bancos.

O escândalo surgiu em 2012, quando o Barclays foi multado em 339 milhões de euros pelos reguladores britânico e norte-americano por manipulação das taxas interbancárias entre 2005 e 2009.

Mais recentemente, em outubro, o holandês Rabobank anunciou ter chegado a um acordo para pagar uma multa de 774 milhões de euros para encerrar um processo por manipulação da Libor.

/Lusa

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