Filhos de primeiros-ministro israelitas em guerra de palavras (por um motivo de caca)

Uma querela banal a propósito de dejetos caninos degenerou numa torrente de lama despejada nas redes sociais entre filhos de primeiros-ministros israelitas.

A guerra dos “filhos de” começou com um cocó que a cadela dos Netanyahu, Kaya, é suspeita de ter deixado recentemente num parque de Jerusalém. Uma vizinha relatou na rede social Facebook que ralhou com Yair Netanyahu, o mais velho dos dois filhos do primeiro-ministro, que então passeava Kaya, e exigiu-lhe que apanhasse o dejeto.

Yair, de 25 anos, teria respondido apresentando-lhe o dedo do meio da mão. A questão de saber se foi exatamente Kaya que fez a sua necessidade fisiológica não está esclarecida.

A história teria podido ficar por aqui se a Molad, uma organização crítica do chefe do governo, não a tivesse divulgado e feito acompanhar de um panfleto na internet, intitulado “Cinco Coisas que Você Ignora Sobre o Herdeiro da Coroa, Yair Netanyahu”, que denuncia, entre outros, o custo para o contribuinte da sua proteção pessoal e da sua viatura com motorista.

Respondendo com um texto inflamado no Facebook, Yair Netanyahu rejeitou “as mentiras e as calúnias”, e atacou a Molad como uma organização financiada pelo estrangeiro para a “destruição” de Israel. A Molad descreve-se como uma organização independente que trabalha para a renovação da democracia.

Yair Netanyahu pergunta por que razão os filhos dos ex-chefes de governo Shimon Peres, Ariel Sharon e Ehud Olmert não têm o mesmo tratamento, da parte de certas organizações, que acusa de preconceito sistemático contra a sua família. Omri Sharon, por exemplo, passou quatro meses na prisão em 2008, por financiamento ilícito das campanhas eleitorais do seu pai, já falecido.

Yair evoca também as “relações interessantes” de um dos filhos de Olmert “com um homem palestiniano”, parecendo insinuar que é homossexual e dando a entender que tinha colocado “a segurança do país” em risco, ao frequentar um palestiniano.

Yair concluiu a sua resposta com um emoji correspondente ao dedo do meio da mão e uma outra com um excremento sorridente.

Ariel Olmert, por seu lado, respondeu-lhe diretamente no Facebook: “Saudações Yair Netanyahu. Eu sou o filho secreto de Olmert. O filho homossexual, o que vive com um palestiniano. Com efeito, esta história é completamente falsa. Gosto das mulheres. Vivo com uma delas e temos uma filha”.

Ariel acrescenta que “O grande problema é o racismo e o bafio homófobo. Ao contrário de ti, trabalho para viver. E, por princípio, apanho o cocó do meu cão”.

Os detratores dos Netanyahu atacam Yair como um jovem que vive na residência do primeiro-ministro sem responsabilidades oficiais e acusam os pais de exercício hegemónico do poder e de o preparar para substituir o pai.

A cadela Kaya, adotada num canil pelos Netanyahu, já tinha dado que falar em 2015, quando mordeu dois convidados numa receção. Os Netanyahu foram então forçados a colocá-la temporariamente em quarentena.

Mas o parlamento aprovou na quarta-feira, antes de um voto definitivo, a primeira versão de um texto, já alcunhado “a lei Kaya”, pela qual um cão que morda alguém não pode ser colocado num canil, mas pode ser sujeito a residência fixa, informou a comunicação social.

// Lusa

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