Influencer Cavaco: por que é que ainda lhe damos tanta atenção?

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Afastado da política há oito anos, foi, dizem os portugueses, o pior presidente da democracia. No entanto, quando ele fala, nós ouvimos e reagimos. Porquê?

Afastado da política há oito anos, Aníbal Cavaco Silva deixou a Presidência a 9 de março de 2016 com a mais baixa popularidade alguma vez registada por um chefe de Estado. Ainda atualmente, segundo uma sondagem de maio, Cavaco foi o pior presidente da democracia para os portugueses.

No entanto, foi reeleito e, mesmo fora do mundo da política, uma coisa é certa: quando ele fala, Portugal ouve e reage.

Aos 84 anos, Cavaco salta à vista nos ecrãs e nas bancas portuguesas com regularidade. Textos de opinião, livros de memórias — com dicas e recados políticos aqui e ali — são minuciosamente analisados e discutidos por especialistas que tentam desvendar e justificar as suas verdadeiras intenções.

Continua de alguma forma a ser uma das personalidades mais polarizadoras da política portuguesa. Só é preciso recuar dois dias, a esta quinta-feira, para olhar para o mais recente exemplo da sua influência mediática.

O antigo Presidente da República veio esclarecer o que disse na anterior quinta-feira em “texto pedagógico” publicado no Expresso. “Em nenhuma das suas partes” defendeu ou sugeriu “a realização de eleições antecipadas”.

Apesar de ser um “não comentário”, o atual Presidente da República pôs, na verdade, os ‘pontos os is’: “sejamos realistas” — o passado já lá vai e há prioridades, como viabilizar o  orçamento de Estado.

“Soluções que em teoria funcionam num determinado momento não funcionam necessariamente noutro”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.

“Sejamos realistas, e ser realista é admitir que realmente há soluções teóricas muito interessantes mas no imediato há caminhos práticos que são mais urgentes”, rematou.

Uns concordam; outros, como Marcelo, discordam com as palavras do ex-político — mas o que é certo é que essa entrevista ao Observador, além deter sido noticiado por praticamente todos os órgãos, motivou debates, artigos de opinião e “bitaites” em podcasts nos principais meios de comunicação.

Mas porquê?

Mais uma vez: de facto, “podemos concordar ou discordar”, mas Cavaco mostra-se “de forma equilibrada” nos temas que aborda, justificou a jornalista Sara Antunes de Oliveira na Rádio Observador esta quinta-feira.

Na última entrevista, falou de extremos quer à direita quer à esquerda e “continua a dar-se ao trabalho de dizer o que pensa, de apelar a coisas e indicar caminhos”, especialmente para um futuro mais longínquo.

É “um trabalho que nunca acaba”, resume a comentadora.

Cavaco “já podia estar a viver a sua vida de uma forma mais retirada da atualidade e não o faz”, e sabe que aparecendo “condiciona a forma como as pessoas olham para o que está a acontecer e de facto acontece”.

E Cavaco acaba sempre por aparecer mais uma vez, com o seu faro de oportunidade, a vangloriar “a ação dos seus governos” e o seu legado político, que caracteriza como uma era de ouro em Portugal.

A sua cultura, os 50 anos de presença política desde o início da democracia e a boa relação com os media — nunca processou um jornalista — certamente ajudam a sua reputação.

Tomás Guimarães, ZAP //

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9 Comments

  1. Bem …..”lhe damos tanta atenção” , não é bem assim ; digamos melhor “Alguns dão ” . São dois Presidentes que para mim não deixarão Saudades , Cavaco e Marcelo !

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  2. Cavaco “já podia estar a viver a sua vida de uma forma mais retirada da atualidade e não o faz”, Na verdade, o que o move é a necessidade de atenção de um pelintra de Boliqueime, que numa determinada época, subiu ao pódio, e ficou deslumbrado. Desde então necessita repetir essa ilusão enquanto for vivo…

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  3. O político maior em 50 anos de democracia. Um homem que a Nação deverá eternizar. Em comparação com tanto político de sargeta que Portugal teve, este senhor é um mestre. Por isso é que causa a atração de certos pelintras detratores e parasitas.

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  4. Tchau já foi é velho antiquado e está fora de moda, se não pensarmos assim estamos agarrados ao passado, obrigado de nada ou tudo, mas acabou temos malta nova com ideias diferentes e dinâmicos, temos que acabar como se não houvesse mais ninguém… vá lá o Cavaco descansar e tomar conta dos netos como eu e deixar a quem sabe o que sabe, e já agora” para saber não é preciso ser velho!” não quer dizer que é putos mas homens/mulheres de trintas, quarentas, cinquentas o resto são rabugentos, isto é para levar na boa.

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  5. Jose Cunha
    Eternizar? não me admira á quem diga que Salazar também devia ser eternizado, os saudosistas podem escutá-lo mas são poucos.

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  6. Ele sabe o que diz isso é verdade,mas só diz o que lhe interessa,aos pobres deste País
    não deixou saudades nenhumas. ficamos cansados da Múmia.

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