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Felicitação de Marcelo ao MPLA “foi totalmente infeliz”

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Mário Cruz / Lusa

O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa

O investigador universitário angolano Nuno Dala, um dos 17 ativistas condenado a prisão pelo tribunal de Luanda, criticou a mensagem de felicitação pela eleição enviada pelo Presidente português a João Lourenço, por nenhum candidato ter ainda sido declarado vencedor.

Numa carta aberta dirigida a Marcelo Rebelo de Sousa, divulgada hoje, Nuno Dala critica a “incompreensível mensagem congratulatória” do Presidente português a João Lourenço, candidato do MPLA nas eleições de 23 de agosto, que afirma ser “totalmente infeliz”.

“A Comissão Nacional Eleitoral [CNE] da República de Angola ainda não declarou vencedor nenhum dos candidatos e os respetivos partidos pelos quais concorreram às eleições de 23 de agosto do ano em curso”, refere o ativista e investigador universitário.

Além disso, acrescenta na carta que o processo de escrutínio dos votos só foi iniciado pelos centros provinciais de escrutínio da CNE a 25 de agosto, “depois de essa instituição se ter visto obrigada a assim proceder”.

“Pois, violando escandalosamente a Lei Eleitoral vigente em Angola e a ética eleitoral, tinha dado início a 24 de agosto ao anúncio de resultados totalmente forjados, na medida em que, tal como demonstrado por um grupo de comissários da CNE, os dados anunciados não eram originários dos centros provinciais de escrutínio”, refere ainda.

Os resultados provisórios divulgados pela CNE na sexta-feira apontam a vitória do MPLA nas eleições de 23 de agosto, com 61% dos votos, e a eleição de João Lourenço como próximo Presidente da República de Angola.

Em simultâneo, os principais partidos da oposição, UNITA e CASA-CE, já anunciaram que estão a fazer contagem paralela e que os dados apontam, até ao momento, para resultados diferentes dos divulgados pela CNE.

“Durante os 374 dias em que estive preso, junto com outros companheiros do célebre processo 15+2 (…), calaram-me no fundo da alma as incontáveis manifestações de solidariedade do Povo Português, que muito se bateu pela nossa libertação. Constituiu para mim uma aziaga surpresa o facto de Sua Excelência ter felicitado não apenas um falso vencedor como, também, de ter legitimado a fraude que o regime do MPLA está a forjar”, lê-se na carta de Nuno Dala.

Na mensagem dirigida a Marcelo Rebelo de Sousa, o ativista angolano acrescenta ainda que o “facto de existirem centros de escrutínio paralelos”, montados pela oposição, será “seguramente estranho a países como Portugal”, Estados democráticos de Direito, “onde os processos eleitorais são credíveis, porque as respetivas instituições de administração eleitoral são sérias e fortes”.

“Em Angola, os processos eleitorais não são credíveis. Daí a criação e funcionamento de centros de escrutínio paralelos, graças aos quais os partidos na oposição têm conseguido refutar a falsa estatística apresentada pela CNE, uma instituição que não tem poder real, não passando de instrumento de implementação da engenharia da fraude”, afirma.

Por esse motivo, o ativista dirige-se a Marcelo referindo que as felicitações transmitidas ao MPLA representam “um grave erro político, que põe seriamente em causa a sua idoneidade tanto de académico, como de especialista em Direito”.

UNITA “escandalizada” com felicitação de Marcelo

A direção da UNITA também afirma que recebeu, “escandalizada”, com “estupefação” e “desilusão”, a declaração de Marcelo Rebelo de Sousa a felicitar o candidato do MPLA.

“A UNITA reafirma que, até este momento, em Angola não existe nenhum Presidente da República eleito, como também ainda não existem quaisquer deputados eleitos”, lê-se no comunicado que o secretariado executivo da comissão política do partido enviou à Lusa.

Também no sábado, o líder e cabeça-de-lista da UNITA às eleições gerais, Isaías Samakuva, numa declaração ao país feita em Luanda, foi perentório: “O país ainda não tem resultados eleitorais válidos. O país ainda não tem um Presidente eleito nos termos da lei”.

No comunicado, a UNITA volta a afirmar que nos dias 24 e 25 de agosto – dias seguintes à eleição – “não houve qualquer reunião dos órgãos provinciais da CNE para apurar resultados eleitorais” e que “nenhuma” dessas 18 comissões tinha iniciado os trabalhos de apuramento provisório, “nem produziu qualquer ata, nem enviou qualquer informação que pudesse servir de base para Luanda divulgar resultados”.

O partido diz que, conhecendo a “sensibilidade acrescida aos fenómenos sociais e aos valores da democracia” com que o Presidente da Republica Portuguesa “tem vindo a interpretar o seu mandato”, “mais escandalizados ficamos com o seu posicionamento de reconhecimento de um Presidente, numa altura em que ainda se está a proceder ao escrutínio dos votos”.

Acrescenta a UNITA que Marcelo Rebelo de Sousa “tem ao seu dispor todos os mecanismos que lhe permitem saber de toda a realidade que envolve o processo eleitoral angolano”, pelo que não entende a “forma precipitada e desavisada como o Presidente da República Portuguesa felicita um suposto Presidente Eleito de Angola”.

“Os angolanos também querem que no seu país impere o Estado de direito, pelo que a UNITA apela a todos os interessados no dossiê angolano a terem calma e paciência até que os resultados definitivos, reconhecidos por todos, sejam disponíveis. Logo que terminarem os trabalhos de apuramento que se iniciaram no dia 26 de agosto, e a CNE proclamar o presidente eleito, os angolanos todos terão a oportunidade de o felicitar. Nessa altura serão certamente bem-vindas todas as demais felicitações legítimas”, concluiu o comunicado.

No sábado, o Presidente português felicitou o Presidente eleito de Angola, João Lourenço (MPLA), numa mensagem publicada no site da Presidência. Nas felicitações ao Presidente angolano eleito, o chefe de Estado português sublinhou os laços fraternais que unem os dois países e os dois povos.

ZAP // Lusa

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18 Comments

  1. isto não é nada, este homem é capaz de muito melhor. na oportunidade certa (que cause mais estragos) e no melhor momento (em que faça mais sangue) ele mostrará do que é capaz.

  2. Se tivessem feito o mesmo em 75,não teria havido esta escalada de desconfiança e azedume entre nós e eles.
    Teríamos continuado a ocupar o lugar que sempre foi nosso.Mas não. Esta gente não tem sentido de estado,arvora-se em democrata a 300% e depois vem os outros colher o fruto. Não queriam lidar com ditadores… Quando deram pelo erro,já foi tarde e a más horas. Nunca mais apredemos.
    Olhem a Bélgica antes de deixar o Congo: com o ouro que de lá veio,até iluminaram as auto-estradas…
    Mas nós é que somos os inteligentes.

    • Era o que faltava agora vires aqui tu dizer o que é que faltava agora!
      Não te interessa, não lês. Não vens para aqui dizer o que tem interesse ou não.
      A mim, interessa!
      Era o que faltava agora!….

  3. ó Pois era… e o que me interessa a mim que não te interessa o que interessa ao Luis figueiredo a opinião do desinteressante do Nuno Dala?

    • ó Confuso Nato,
      E o que me interessa a mim o que te interessa a ti o que interessa ao Pois Era! (ou a quem quer que seja) o que interessa ao Luís Figueiredo a opinião do Nuno Dala?
      Como nem a mim me interessa, acabou a conversa!

      • Óh Menino Jesus! (até parece que estou a pedir prendas de Natal!)
        Se não te interessa aquilo que me interessa em saber que não me interessa o que interessa ao Luis figueiredo a opinião do desinteressante do Nuno Dala, porque motivo respondeste? 🙂

  4. O Professor Marcelo, quer estar em todas, o melhor é não estar em lado nenhum. Julgo que mais esta tontice, não sei se de saudosismo, do ex império Português se ainda não lhe passou pela cabeça que Angola está-se completamente nas tintas para os Portugueses.
    Esta é mais suave, do que ir visitar um canalha de um ditador que levou um país ao isolamento Internacional como é o caso de Cuba. Hó Professor Marcelo sei que tenho uma elevada consideração por si, mas calinadas desta natureza, sinceramente acho que uns caldinhos de galinha e um melhoral infantil, não lhe ficaria mal.

    • Deixe lá Cuba em paz que não é para aqui chamada. Se se preocupassem tanto com Cuba como Cuba se preocupa com Portugal, eram escusadas estas calinadas.

  5. O professor Marcelo como não quer perder muito tempo com o assunto Angola e sendo a ditadura que é, despachou logo o assunto felicitando o presidente que será imposto a todos os angolanos e já partiu para outra calinada…

  6. Caros, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa limitou-se a fazer aquilo que se faz em todo o mundo. Dado os resultados provisórios, emitidos pela entidade competente, e dadas as declarações unânimes dos observadores internacionais, de que o processo foi livre e transparente, e dá uma vitória clara a um partido e a um candidato, limitou-se a felicitar os vencedores. Isto é somente regras de boa educação e a saudação é de um homem de Estado que está a fazer aquilo que acha mais adequado à defesa dos interesses nacionais, do seu país. Portanto, mais uma vez, o Marcelo esteve bem. O resto são tretas e desculpas de mau perdedor. Não será? Querem que Marcelo faça política em Angola? Não lhe cabe a ele. Façam vocês os ativistas e opositores angolanos.

  7. Qualquer das formas o PR não é agora responsável pela eleição de mais um monarca comunista em Angola é assunto vosso e amanhã se mais alguém por lá for eleito e de outra cor e origem políticas certamente o felicitará também.

  8. Tanta “guerra”, só por um (mais um …) voluntarismo !
    Neste caso, penso que não são muitos os Portugueses (que o nosso P.R. representa ) a congratular-se pela CONTINUIDADE em Angola.

  9. Um dia hao-de-me explicar o porque dos 97% de popularidade de um homem, cuja unica vida que conhece é gabinetes em Lisboa, e passa o tempo a dar beijinhos no dói-dói. Nunca o vi a ser util para antecipar qualquer problema, e ainda passamos vergonhas destas

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