Admira Putin e gostaria de ser próximo de Trump. Até onde vai Farage

Will Oliver / EPA

Nigel Farage pode conseguir o segundo lugar nas eleições no Reino Unido. Acha que UE e NATO provocaram a guerra na Ucrânia.

As eleições antecipadas no Reino Unido, que vão realizar-se já na próxima quinta-feira (4 de Julho).

O Partido Conservador lidera o país há 14 anos mas agora o mais provável é que haja uma mudança e o Partido Trabalhista ganhe com grande margem.

E os conservadores podem nem ficar em segundo lugar, já que uma sondagem recente, da YouGov, coloca o Partido Conservador com 18% e o Reform UK com 19% de intenções de voto.

O líder do Reform UK é Nigel Farage. Um dos nomes mais associados à saída do Reino Unido da União Europeia – aliás, o Reform UK chamava-se Partido Brexit até 2021.

O populista comentou recentemente a guerra na Ucrânia. Disse que “é claro” que o culpado pelo conflito é Vladimir Putin, mas atirou: a União Europeia (UE) e a NATO “provocaram” a guerra, ao ter mais países membros.

Nigel Farage foi eurodeputado e recordou que já tinha avisado o Parlamento Europeu, em 2014, que iria haver uma guerra na Ucrânia, precisamente devido às expansões da UE e da NATO. “Estávamos a dar uma razão a Putin para iniciar a guerra”.

Nós provocámos esta guerra. Claro que a culpa é de Putin; usou o que fizemos como desculpa“, analisou.

Na mesma entrevista à BBC, Farage admitiu que é um admirador de Vladimir Putin. Como político, não como pessoa. Devido ao seu controlo extenso sobre a Rússia.

Se o partido conseguir uma presença importante no Parlamento do Reino Unido, Vladimir Putin vai ter um aliado neste país de topo na Europa?

“Será mais um admirador de Putin“, responde Bernardo Ivo Cruz, antigo secretário de Estado da Internacionalização.

“Ele gostaria de ter sido, isso sim, uma figura próxima de Donald Trump. Trabalhou muito para que o Governo britânico o nomeasse como embaixador do Reino Unido nos EUA”, continuou, na rádio Observador.

Do lado do Kremlin, Vladimir Putin ficaria “muito contente” por ter na Câmara dos Comuns vozes que o defendessem.

Nesta análise a Putin e à guerra, Nigel Farage “cometeu um erro, foi criticado, não reconhece o erro, avança e reforça o argumento”.

Mas esta entrevista, e estas palavras sobre Putin, podem ter sido mesmo um erro crucial na campanha eleitoral. Os eleitores podem não ter a “complacência” com Farage que tiveram noutros momentos.

Nigel Farage já tentou cinco vezes ser eleito deputado. Em 2024 deve conseguir, pela primeira vez.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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