Os responsáveis pelas unidades de saúde familiar consideram que a pandemia de covid-19 só veio deixar mais evidente a falta de meios.
Com o aparecimento da pandemia de covid-19, as autoridades de saúde apelaram aos portugueses para evitarem deslocações aos centros de saúde e tentarem privilegiar os contactos por telefone ou e-mail.
No entanto, como mostra a Renascença, para que isso seja possível é preciso haver meios suficientes para garantir essa situação, o que não está a acontecer. Em declarações à rádio, o presidente da Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar, Diogo Urjais, alerta para a falta de meios.
“Aquilo que a pandemia veio reforçar é que os recursos materiais nas unidades não correspondem às necessidades do aumento da consulta não presencial e até da presencial”, afirmou.
Muitos dos centros de saúde não atendem os telefones, situação que o responsável disse não ter chegado à rutura porque foram sendo encontradas soluções como, por exemplo, “compra de cartões pré-pagos” ou ligações “do próprio telemóvel”.
Relativamente à falta de pessoal, Diogo Urjais considera que “é importante investir em recursos humanos, nomeadamente em secretários clínicos”. “Se nós estamos a aumentar a carga horária não presencial, e se os secretários clínicos ou os administrativos técnicos já eram a classe mais em falta nos cuidados de saúde primários, se a carga agora aumentou, a resposta torna-se mais difícil“, declarou.
À mesma rádio, o presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, Rui Nogueira, alerta também para o facto de os centros de saúde que já tinham falta de médicos de família serem também aqueles que estão agora mais pressionados pela covid-19.
“Nesta altura começa a haver alguma exaustão, nomeadamente nos centros de saúde onde coexistem as duas situações, isto é, situações de mais doentes com covid-19, que é o caso de algumas freguesias dos concelhos limítrofes de Lisboa e onde já havia falta de médicos de família.”
Portugal registou, este domingo, mais duas mortes e 313 novos casos de covid-19. Assim sendo, desde o início da pandemia, o país regista um total de 1684 mortes e 48.390 casos confirmados.
Coronavírus / Covid-19
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