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Facebook e Google compravam dados pessoais de adolescentes por 20 dólares

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O Facebook terá pago a pessoas com entre 13 e 35 anos para instalarem um VPN de modo a espiar os utilizadores e recolher todos os seus dados e atividades.

A notícia foi avançada pelo Tech Crunch. A ferramenta chama-se “Research” e é semelhante à aplicação Onavo Protect, que a Apple baniu em junho e foi retirada do mercado em agosto. Este VPN já não está disponível nas lojas de aplicações.

O programa recompensava monetariamente quem o descarregava para o telemóvel, com uma condição: ter acesso a toda a atividade desse dispositivo.

Um VPN, ou rede virtual privada, é um sistema que mascara o endereço IP de um dispositivo — um computador ou telemóvel, por exemplo — para que os sites não possam descobrir onde é que está. É um truque que pode ser usado para aceder a páginas da Internet proibidas num determinado país.

No entanto, se não for seguro, o VPN deixa vulnerável a informação privada do utilizador. É dessa fragilidade que o Facebook se servia.

O Facebook afirmou que tinha fechado a aplicação por esta não cumprir os critérios da Apple para o programa Enterprise – uma forma de instalar apps no iOS sem ser pela Apple Store.

Contudo, esta quarta-feira foi divulgado que foi a Apple que baniu a aplicação feita pela empresa que detém a maior rede social do mundo, tornando mais tensas as relações entre Tim Cook, presidente executivo da Apple, e Mark Zuckerberg, fundador do Facebook.

Desde 2016 que o Facebook transfere 20 dólares — o equivalente a 17,49 euros — a quem descarregar o “Research”, disponível tanto para dispositivos Android como iOS. A esse valor acresce uma “taxa de indicação”, que corresponde a uma gratificação pela venda da privacidade.

Quem entrar nesse esquema do Facebook pode ter de enviar screenshots de determinadas páginas, como a lista de compras feitas na Amazon. No entanto, a aplicação não se apresenta como um produto Facebook: é distribuído pela BetaBound, uTest e pela Applause, empresas que testam software e analisam a sua utilização.

Quem instala este VPN sabe dele através de anúncios partilhados no Snapchat, onde o “Research” é apresentado como um estudo: “Estamos à procura de participantes para estudo pago de investigação de redes sociais”. Quem clicar nesse anúncio terá acesso a uma página de inscrição assinada pela Applause onde surge um aviso: quem tiver entre 13 e 17 anos precisa do consentimento dos encarregados de educação.

Só nessa altura surge outra mensagem, essa sim a revelar o envolvimento do Facebook, que diz: “Não há riscos conhecidos associados ao projeto, mas reconhece-se que a natureza inerente do projeto envolve o monitorização de informações pessoais por meio do uso de apps pelo seu filho. Será compensado pela Applause pela participação do seu filho”.

De acordo com aquilo que é explicado nos Termos e Condições apresentados no momento do download, a aplicação estará a funcionar em segundo plano em troca de 20 dólares entregues sob o formato de cartão e-gift.

O utilizador pode ganhar mais 20 dólares extra caso convença outros amigos a participar. No entanto, ao instalar o software, o utilizador “está a permitir que o nosso cliente recolha informações, como quais aplicações estão no seu telefone, como e quando os usa, dados sobre as suas atividades e conteúdo nesses aplicativos, além de como outras pessoas interagem consigo ou com os seus conteúdos“.

Google também fazia o mesmo

O mesmo portal revelou que a Google também tem uma aplicação que faz o mesmo. Google assumiu que “errou” e pediu desculpas.

O programa Enterprise da Apple permite que certas entidades tenham privilégios especiais para testar aplicações entre os funcionários das empresas. Uma das principais regras é essa mesmo: é apenas para uso interno. É assim que empresas como a Google ou o Facebook testam versões de teste em aplicações para iPhone e iPad sem se precisar de utilizar a loja de apps da Apple.

Porém, as duas empresas abusaram deste privilégios e permitiram que não funcionários instalassem aplicações especiais, a troco de dinheiro, para obter dados de como utilizam em dispositivos da Apple. No caso da Google, a app Screenwise Meter convida utilizadores de 18 anos e acima, ou com 13 anos se fizerem parte de uma conta familiar, em troca de cartões-presente para utilizarem em serviços da Google.

Segundo o mesmo meio, a aplicação da Google é mais transparente do que a do Facebook, ao assumir que está a recolher dados pessoais, mas utiliza a mesma técnica que o Facebook utilizou para poder ter acesso a estes: o programa Enterprise da Apple.

Se a Apple punir a Google da mesma forma que fez com o Facebook, ao retirar a empresa do programa Enterprise, outras aplicações da Google no iOS podem ser afetadas, ao não permitir que os funcionários da empresa testem novas atualizações ou funcionalidades neste sistema.

Em resposta ao TechCrunch, a empresa afirma que “não devia ter tido a Screenwise Meter iOS app a funcionar dentro do programa Enterprise”. “Foi um erro e pedimos desculpa”, disse a Google. A empresa afirmou que desabilitou a app.

ZAP //

2 Comments

  1. neste pais em saiu a relativamente pouco tempo de uma ditadura, em que tanta gente fala da policia politica e sua constante vigilancia ( eu tenho um amigo mais velho ,que teve de abandonar o pais e teve seus livros aprendidos ) ,os nossos politicos que no dia 25 de abril ,fartam-se de falar na liberdade das pessoas ! nestes constantes ataques a privacidade de todos,olham para o lado !

  2. O Facebook devia pagar um preço muito alto por isto ” entre 13 e 35 anos para instalarem um VPN de modo a espiar os utilizadores e recolher todos os seus dados e actividades ” é uma VERGONHA.

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