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Explosão de hospital em Gaza? Marcelo recomenda “silêncio e diplomacia”

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Manuel de Almeida / Lusa

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa

Chocado, o Presidente da República não se quis pronunciar sobre a matéria, mas garantiu que se “ganha com o silêncio e com a diplomacia”. Novo balanço do incidente aponta para 471 mortos, num momento em que os civis de Gaza correm contra o tempo.

O Presidente da República declarou-se esta quarta-feira chocado com o bombardeamento de um hospital em Gaza, tenha sido intencional ou não, mas escusou-se a apontar responsáveis, recomendando mais silêncio e diplomacia perante o conflito entre Israel e Hamas.

“Não me vou pronunciar sobre essa matéria, primeiro, porque não tenho elementos, segundo, porque não devo pronunciar-me sobre essa matéria. Há instâncias diversas internacionais e depois há diligências nacionais múltiplas”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em reposta aos jornalistas, em Namur, durante a sua visita de Estado à Bélgica.

O chefe de Estado defendeu que “este é o momento de fazer tudo para que verdadeiramente haja futuro numa situação e numa região que tem sofrido muito ao longo do tempo” e que “isso ganha com o silêncio, com a diplomacia, se possível, mais do que com o falar publicamente na matéria”.

O Presidente da República considerou que a explosão “chocou a todos, e provavelmente foi um choque universal“, lamentando as numerosas vítimas civis.

“O nosso primeiro pensamento vai para as vítimas daquilo que ocorreu, como foi, por exemplo, quando também aconteceram bombardeamentos a estabelecimentos de saúde com vítimas civis na Ucrânia”, referiu.

Marcelo Rebelo de Sousa tinha ao seu lado o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, que hoje apontou como “uma ideia bastante consolidada” a atribuição desta explosão a um míssil da Jihad Islâmica.

Confrontado com esta posição do Governo português e de outros governos, o chefe de Estado reiterou: “Eu, como digo, não queria pronunciar-me sobre isso”.

Cessar-fogo? “É um apelo compreensível”

Interrogado sobre o apelo do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) para que haja um cessar-fogo no conflito entre Israel e o Hamas, Marcelo Rebelo de Sousa disse apenas que compreende a posição de António Guterres, sem a subscrever.

“Eu queria dizer só sobre isso é que compreendo perfeitamente a posição do secretário-geral das Nações Unidas, porque está, no exercício do seu mandato, preocupado com a situação”, respondeu, acrescentando: “É um apelo perfeitamente compreensível, porque corresponde ao que tem sido a linha orientadora da sua atuação em diversas situações no mundo”.

Novo balanço aponta para pelo menos 471 mortos

Pelo menos 471 pessoas foram mortas no ataque que atingiu um hospital na Faixa de Gaza, indicou um novo balanço emitido pelo Ministério da Saúde do Governo Hamas, que controla o enclave palestiniano.

Na noite de terça-feira, e na sequência do ataque, o ministério tinha-se referido a pelo menos 200 mortos, com o Hamas a acusar Israel de responsabilidade por este mortífero ataque ao hospital Al Ahli da cidade de Gaza.

Israel negou a responsabilidade pelo ataque e atribuiu a responsabilidade à Jihad islâmica, uma outra organização islamita armada de Gaza, que desmentiu categoricamente. O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, enclave controlado pelo Hamas, culpou as Forças Armadas de Israel por este ataque.

 

Água está a acabar em Gaza. Combustível não dura mais um dia

O Ministério da Saúde do Governo do movimento islamita palestiniano também atualizou o número de vítimas, anunciando que pelo menos 3.478 palestinianos foram mortos na Faixa de Gaza desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, para além de 12.065 feridos.

A mesma fonte não esclareceu se estavam já incluídas no balanço as centenas de pessoas mortas ao início da noite de terça-feira no hospital de Gaza.

O movimento islâmico Hamas lançou em 07 de outubro um ataque surpresa contra o território israelita sob o nome de operação “Tempestade al-Aqsa”, com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.

Em resposta ao ataque surpresa, Israel desencadeou um bombardeamento generalizado na Faixa de Gaza, numa operação designada “Espadas de Ferro”.

No ataque do Hamas, foram mortos cerca de 1.400 israelitas, incluindo mais de 300 militares, e sequestradas cerca de 200 pessoas que estão retidas na Faixa de Gaza, para além das centenas de mortos entre os combatentes do Hamas que se infiltraram em Israel.

O conflito já alastrou à fronteira israelo-libanesa, com contínuas trocas de disparos de artilharia e bombardeamentos entre o Exército judaico e a milícia xiita libanesa do Hezbollah. Na Cisjordânia ocupada, e desde 07 de outubro, já foram mortos pelo menos 61 palestinianos, centenas ficaram feridos e efetuadas mais de 700 detenções.

A maioria das vítimas deste conflito — israelitas e palestinianos — são civis. Em Gaza, a crise humanitária agrava-se depois do “cerco total” feito por Israel e a água está a acabar. Levantam-se preocupações com o elevado risco de mortes por infeções devido à falta de água. Reservas de combustível não devem durar mais do que 24 horas.

ZAP // Lusa

7 Comments

  1. O terrorismo de estado isarelense nunca vai parar? Porque os russos não fazem nada quanto a essa situação insuportável em Gaza e na Palestina?

  2. Como seria bom se o Sr Presidente da República aplicasse estes conselhos a si próprio! Mas, claro, todos sabemos que há uma máxima popular que recomenda “olha para o que eu digo, não para o que eu faço”.”

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