Executivo de longa data da Trump Organization declara-se culpado em caso de fraude fiscal

Gage Skidmore / Flickr

O presidente dos EUA, Donald Trump

O executivo financeiro acertou um acordo de delação com os procuradores e confessou que esteve envolvido em esquemas de fraude fiscal e vai testemunhar contra a Trump Organization no julgamento.

Allen Weisselberg, o executivo financeiro de longa data da Trump Organization, empresa de Donald Trump, declarou-se culpado esta quinta-feira no caso de fraude fiscal em torno da firma, avança o The Washington Post.

No ano passado, Weisselberg e a Trump Organization foram acusados pelas autoridades de Nova Iorque de manipularem as contas da empresa de forma a esconderem compensações financeiras que receberam, de forma a evitarem pagar impostos sobre estas transações.

Weisselberg, de 75 anos, reconheceu a sua participação nestes esquemas num tribunal em Manhattan e mostrou-se disponível para testemunhar no julgamento à empresa. Esta confissão faz parte de um acordo de delação que acertou com os procuradores, que lhe permitirá passar apenas cinco meses na prisão e ficar os cinco anos seguintes em liberdade condicional.

O testemunho de Weisselberg pode ser muito danoso para a empresa de Trump, que os procuradores dizem ter levado a cabo “um esquema de pagamentos ilegais arrebatador e audacioso“.

A sentença reduzida do executivo depende da veracidade do seu testemunho. O acordo de delação implica directamente a Trump Organization numa “enorme variedade de actividades criminais“, segundo os procuradores.

Desde o início da investigação que Trump tem descrito a situação como uma “caça às bruxas” levada a cabo pelos Democratas. Num comunicado de reacção à confissão de Weisselberg, a empresa refere que o executivo é um “homem honrado” que “nos últimos quatro anos tem sido perseguido e ameaçado pela polícia” na sua “missão sem fim motivada politicamente contra o Presidente Trump.

Weisselberg só se declarou culpado “num esforço para deixar este assunto para trás e seguir com a sua vida”, continua o comunicado. A selecção do júri para o julgamento da Trump Organization deve começar em finais de Outubro, o que será “apenas dias antes das eleições intercalares” de Novembro, lembra a empresa.

“Durante anos, o senhor Weisselberg desrespeitou a lei para encher os seus bolsos e financiar um estilo de vida luxuoso. Hoje, essa conduta acaba. Esta confissão envia uma mensagem clara: vamos impor medidas duras a qualquer pessoa que roube a população para o seu ganho pessoal porque ninguém está acima da lei“, reagiu Letitia James, procuradora-geral de Nova Iorque.

Braços de ferro de Trump com a justiça

A declaração de culpa de Weisselberg surge poucos dias depois de Trump ter invocado a Quinta Emenda e o seu direito a não se auto-incriminar no interrogatório de que foi alvo no âmbito do mesmo processo. Esta escolha pode eventualmente acabar por prejudicar o ex-Presidente na visão do júri, que é livre para interpretar este silêncio como um sinal de que Trump tem algo a esconder.

Este não é o único caso legal em que o ex-Presidente, que estará a planear uma recandidatura à Casa Branca em 2024, está envolvido. Na semana passada, o FBI fez uma rusga sem precedentes na história dos Estados Unidos, tendo ido à casa do ex-chefe de Estado na Flórida em busca de documentos confidenciais da Presidência que Trump terá levado indevidamente quando abandonou a presidência.

Recentemente, um tribunal de recurso federal também segurou a decisão de uma instância inferior que rejeitou a tentativa de Trump de bloquear o acesso de um comité da Câmara dos Representantes às suas declarações de impostos.

A confissão do executivo também apenas um dia depois de Rudy Giuliani, advogado do ex-Presidente, ter testemunhado perante um júri na Geórgia sobre as alegações de que Trump pressionou as autoridades estaduais a reverter a vitória de Joe Biden neste estado nas presidenciais de 2020.

Trump também ainda não está livre de ser acusado formalmente pelo Departamento de Justiça pelo envolvimento no assalto ao Capitólio levado a cabo pelos seus apoiantes a 6 de Janeiro de 2021.

Adriana Peixoto, ZAP //

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