A basquetebolista profissional esteve detida durante 15 dias, em setembro deste ano, num centro de detenção em Minsk, na Bielorrússia, na sequência dos protestos contra o regime.
Yelena Leuchanka é jogadora de basquetebol profissional. Além de já ter representado a seleção bielorrussa nos Jogos Olímpicos, a poste, de 37 anos, também já jogou na melhor liga feminina do mundo: a WNBA.
E, tal como muitas outras mulheres no seu país, a atleta também foi uma das milhares de pessoas detidas nos protestos anti-governamentais que duram desde agosto, quando Alexander Lukashenko, que está no poder desde 1994, foi reeleito Presidente, num escrutínio considerado fraudulento pela oposição.
Leuchanka esteve detida durante 15 dias, em setembro, numa cela infestada de pulgas num centro de detenção em Minsk. Já em liberdade, a jogadora recordou este episódio, no início deste mês, num evento online organizado pelo Instituto Georgetown para as Mulheres, a Paz e a Segurança, sediado nos Estados Unidos.
“É como se naquele momento percebesses que não estás ali porque fizeste alguma coisa, porque cometeste um crime. Estás ali porque estás a lutar pela liberdade“, recordou a basquetebolista, citada pela NPR.
Depois de ter sido libertada, a ex-atleta da WNBA conseguiu fugir para a Grécia. Mas nem todas as pessoas que estavam com ela tiveram a mesma sorte. Uma das suas companheiras de cela, por exemplo, foi condenada a dois anos e meio de prisão por ter tentado arrancar a balaclava de um polícia num protesto.
E, tantos meses depois, mantém-se a impunidade. Segundo Leuchanka, nenhum dos agentes acusados de torturar e violar mulheres na prisão foi ainda responsabilizado. Mas, apesar disso, a luta também continua.
“Nenhuma das mulheres com quem estive na cela disse: ‘Arrependo-me de ter feito isto, arrependo-me de estar aqui’. Vamos continuar a lutar, a falar e a levantar as nossas vozes.”
Nos Estados Unidos, o Presidente cessante, Donald Trump, tem optado pelo silêncio em relação à Bielorrússia. Por isso, as bielorrussas veem no Presidente eleito, Joe Biden, um sinal de esperança.
“Pensamos, sem dúvida nenhuma, que a Administração Biden irá ser absolutamente diferente da Administração Trump”, disse no mesmo evento Natalia Kaliada, co-fundadora do Teatro Livre da Bielorrússia, que vive exilada no Reino Unido.
Kaliada lembrou que o democrata terá a oportunidade perfeita para demonstrar o seu apoio em janeiro de 2021, altura em que, para além da sua tomada de posse, está agendada uma visita a Washington da candidata alegadamente derrotada, Svetlana Tikhanovskaya, que se encontra exilada na Lituânia.
“Não podemos perder mais tempo. O povo da Bielorrússia está pronto para sacrificar-se e está a enviar uma mensagem de socorro ao mundo”, afirmou.