Mais de mil ex-funcionários do Departamento de Justiça dos EUA pediram a demissão do procurador geral acusando-o de ter interferido num processo judicial para ajudar um amigo de Trump.
Mais de mil ex-funcionários do Departamento de Justiça dos EUA pediram este domingo a demissão do procurador geral, William Barr, acusando-o de ter interferido num processo judicial para ajudar um amigo do Presidente Donald Trump.
Roger Stone, ex-consultor de Trump, tinha sido condenado a uma pena de entre sete e nove anos de prisão, por mentir aos procuradores que investigaram a interferência russa nas eleições presidenciais de 2016, mas o Departamento de Justiça reduziu a pena, em nome dos “interesses da justiça”, após o Presidente ter lamentado a dureza da sentença.
O Procurador Geral, William Barr, disse na quinta-feira que os comentários presidenciais, feitos através da conta pessoal de Trump na rede social Twitter, não tiveram qualquer impacto sobre a decisão de redução da pena, tomada pela sua equipa, mas a oposição democrata acusou o Departamento de Justiça de estar ao serviço da Casa Branca.
Este domingo, antigos funcionários do Departamento de Justiça aliaram-se às críticas a William Barr, pedindo a sua demissão e responsabilizando-o por interferir no processo de Roger Stone, amigo e consultor de Donald Trump.
“Ninguém deve receber tratamento preferencial em processos criminais, mesmo que seja um aliado político próximo do Presidente”, escreveram mais de 1.100 antigos funcionários do Departamento de Justiça, numa carta aberta, divulgada na Internet.
Roger Stone foi consultor de Donald Trump, antes e durante a sua campanha presidencial, tendo sido condenado, em novembro passado, por ter mentido ao Congresso e por ter manietado uma testemunha da investigação à interferência russa nas eleições de 2016.
Os quatro procuradores responsáveis pelo processo pediram uma pena de prisão de entre sete e nove anos, mas o Departamento de Justiça considerou que a acusação deve pedir uma pena muito mais leve, em nome de “interesses da justiça”.
Em resposta às críticas, Barr disse que não houve interferência da Casa Branca no processo de Stone, mas admitiu que as mensagens do Presidente no Twitter tornavam o seu trabalho “impossível”.
“Congratulamo-nos com o reconhecimento tardio do Procurador Geral Barr de que as decisões do Departamento de Justiça devem ser independentes da política”, escreveram os ex-funcionários, na carta aberta.
“Mas as ações para cumprir as ordens do Presidente, falam mais alto do que as suas palavras”, acrescentam, lembrando que o Departamento de Justiça alterou o pedido de pena de Roger Stone, depois das críticas de Donald Trump.
Este domingo, a assessora de imprensa da Casa Branca Kellyanne Conway defendeu o direito do Presidente de “comentar casos criminais”, explicando que Trump “não pegou no telefone par pedir ao Procurador para interferir no processo” de Roger Stone.
// Lusa