Ex-espião russo e a filha foram atacados com agente nervoso “muito raro”

(cv) CBS News / Youtube

Sergei Skripal, antigo espião russo recrutado pelos serviços secretos britânicos.

O ex-espião russo que está internado em estado crítico, juntamente com a filha de 33 anos, foi vítima de um ataque com uma substância química que afecta o sistema nervoso. As autoridades britânicas suspeitam que a Rússia pode estar envolvida.

Sergueï Skripal, um antigo espião russo recrutado pelos Serviços Secretos britânicos, e a filha Youlia estão hospitalizados, em estado grave, depois de terem sido encontrados inconscientes, e sem ferimentos visíveis, no banco de um centro comercial em Salisbury, no sul de Inglaterra, onde residem.

Um dos primeiros agentes da polícia a chegar ao local está também internado em estado grave, presumivelmente devido à acção da substância química usada no ataque.

As autoridades britânicas revelam que foram vítimas de uma “tentativa de homicídio”, com recurso a um agente nervoso “muito raro”, como revelou a Secretária de Estado para os Assuntos Internos do Reino Unido, Amber Rudd, em declarações divulgadas pela BBC.

A polícia já terá identificado o agente nervoso usado, mas escusa-se a revelar qual é, nesta fase da investigação. Uma fonte não identificada revela à BBC que “é, provavelmente, mais raro do que o gás Sarin“, usado em ataques químicos na Síria.

Também não será o agente nervoso VX que terá sido usado no assassinato do meio-irmão do líder norte-coreano, Kim Jong-un, no ano passado, segundo a mesma fonte.

O que são agentes nervosos?

Os agentes nervosos são substâncias químicas altamente tóxicas que afectam o sistema nervoso. Podem ter a forma de pó, de gás, ou serem líquidos, e entram no organismo por inalação ou através da pele.

Geram sintomas como sensação de queimadura nos olhos, dores fortes, tosse e dificuldade em respirar, apresentando uma evolução bastante rápida. Em poucos segundos, as vítimas podem desmaiar e sofrer convulsões e, em última instância, morrer.

Tensão a aumentar

As autoridades britânicas estão, agora, a tentar apurar quem será o responsável ou os responsáveis pelo ataque, numa altura em que se especula que a Rússia pode estar envolvida no caso.

Aquando da morte por envenenamento do ex-espião russo Alexandre Litvinenko, em 2016, em Londres, um inquérito oficial especulava igualmente sobre eventuais responsabilidades russas.

Mesmo que não haja provas desse envolvimento russo, o ataque a Skripal está a aumentar a tensão que já existia entre a Grã-Bretanha e a Rússia.

Em Dezembro passado, o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas do Reino Unido, Stuart Peach, dava conta desse mal-estar, classificando a Rússia como uma ameaça para o mundo, e lançando o receio de que o país da Europa de Leste corte a Internet mundial.

A primeira-ministra britânica, Theresa May, admite um eventual boicote diplomático ao próximo Campeonato do Mundo de futebol que se vai realizar em Junho deste ano, na Rússia. Já as autoridades russas falam em “acusações sem fundamento” e numa “campanha anti-Rússia”, cita a BBC.

Sergueï Skripal é um ex-coronel dos Serviços de Inteligência da Rússia que foi recrutado pelos serviços secretos britânicos em 1995. A troco de dinheiro, Skripal forneceu ao Reino Unido a identidade de vários espiões russos que operavam na Europa, bem como outras informações militares russas, destaca a BBC.

Em 2006, Skripal foi condenado na Rússia, mas, posteriormente, foi alvo de uma troca de espiões levada a cabo entre as autoridades russas, norte-americanas e britânicas. Foi, nessa altura, que se mudou para Inglaterra.

SV, ZAP //

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