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EUA vão rotular produtos importados de Hong Kong como “Made in China”

Jerome Favre / EPA

A chefe do Governo de Hong Kong, Carrie Lam

Os líderes de Hong Kong têm insistido que a região é uma parte “inalienável” da China, com a lei de segurança nacional a estabelecer pesadas penas para quem defende a separação. Em consequência, os Estados Unidos (EUA) criaram uma nova medida que atinge os produtos importados daquele território.

Depois do estabelecimento dessa nova lei, os EUA determinarem que a região não tinha mais autonomia, com a Alfândega e Proteção de Fronteiras norte-americana a determinar que as importações de Hong Kong passariam a ser rotuladas como “Made in China” (“Fabricado na China”, em tradução livre).

Segundo noticiou o Washington Post, na quinta-feira, durante uma conferência, o secretário de Comércio de Hong Kong, Edward Yau Tang-wah, afirmou que a região não é, de facto, a China. Rotular os seus produtos como “Made in China” seria “mentir”, defendeu.

De acordo com o responsável, esta medida – que entrará em vigor após um período de transição de 45 dias -, é o mesmo que rotular “Made in USA” (“Produzido nos EUA”) os produtos produzidos no Canadá ou no México.

De acordo com o Washington Post, esta tentativa do Governo de Hong Kong em distanciar-se China tem sido criticada. “O secretário Yau acha que o Canadá e o México são ‘partes inalienáveis’ dos EUA?”, questionou um utilizador no Twitter.

Enquanto Yau argumentou que Hong Kong continua a ser um território aduaneiro autónomo e membro da Organização Mundial do Comércio, a decisão dos EUA antecipa conflitos para a região. Em resposta à lei de segurança nacional, o Presidente norte-americano Donald Trump assinou uma ordem executiva que suspende o tratamento económico preferencial a Hong Kong. Outros países poderiam seguir essa mesma direção.

Mas o aparente paradoxo na resposta de Hong Kong é, na verdade, “a essência original de um país, dois sistemas”, fórmula que guiou a transferência de Hong Kong da soberania britânica para a chinesa em 1997, de acordo com Ma Ngok, um professor associado de política local da Universidade de Hong Kong.

Na época, explicou Ma Ngok, os cidadãos aceitaram essa estrutura porque lhes prometia um alto nível de autonomia económica e política. Hong Kong continua a gozar de autonomia económica, referiu o professor, mantendo membros separados em organismos internacionais e os seus próprios regimes alfandegários, marítimos e de aviação – mesmo com o espaço para autonomia política a estreitar rapidamente.

À medida que Pequim aperta o controle sobre a região, os termos deste acordo mudaram para manter a autonomia económica de Hong Kong, mas restringindo a sua independência política e judicial. Contudo, se Hong Kong não gozar de autonomia política, Washington retirará os privilégios de autonomia económica, apontou o professor.

Com as preocupações mais focadas na pandemia, Nick Marro, analista-chefe para questões de comércio global da Economist Intelligence Unit em Hong Kong, acredita que o confronto sobre o “Made in Hong Kong” é mais de natureza política do que económica.

ZAP //

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