Pandemia: muitas pessoas desempregadas e, afinal, o teletrabalho não é regra geral em Portugal

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Relatório confirma que muitas pessoas perderam o seu emprego e mudanças na sociedade portuguesa. Trabalhar em casa não foi regra para muita gente.

A COVID-19 não originou “apenas” falecimentos e internamentos. A vida mudou para muitas pessoas, mesmo que nunca tenham ficado doentes: as rotinas, os convívios, o bem-estar, a saúde mental

O estudo ‘Um novo normal? Impactos e lições de dois anos de pandemia em Portugal’ foi promovido pela Fundação Francisco Manuel dos Santos e, entre números oficiais, realizou ainda dois inquéritos, que ao todo envolveram mais de 5 mil pessoas que moram em Portugal.

Destaca o jornal Público que 15% das pessoas ficaram sem o emprego, enquanto 37% passaram a ter outro volume de trabalho.

E, afinal, quase metade (45%) dos inquiridos nunca esteve no regime de teletrabalho. Sobretudo entre os trabalhadores de classe social baixa (68,3%) trabalharam sempre de forma presencial.

Quase dois terços das pessoas (61,5%) admitiram que a sua situação financeira não era estável, na fase final do segundo confinamento – entre Março e Maio do ano passado. No mesmo período, uma percentagem considerável (40,1%) gastava tudo que ganhava.

Há outro dado revelador: a participação em recolha de assinaturas, abaixo-assinados, debates online, manifestações ou boicotes desceu para menos de 1% entre as pessoas com menor grau de escolaridade – que já participavam pouco (cerca de 5%).

A rádio Renascença sublinha que a pandemia afectou o bem-estar, a saúde mental e a coesão social sobretudo das mulheres, dos jovens com menos de 30 anos e dos mais pobres.

Noutro aspecto, praticamente um terço (31%) das pessoas aumentou o seu peso e quase a mesma percentagem (30%) passou a dormir menos.

Por outro lado, Portugal melhorou a sua imagem externa por causa da COVID-19, comentaram 57% dos inquiridos.

Sindemia?

Olhando para a maioria das conclusões, os coordenadores deste estudo – Nuno Monteiro e Carlos Jalali – defendem que a pandemia deveria ser substituída pela sindemia.

“Uma perspectiva sindémica implica abandonar uma visão meramente epidemiológica, focada no risco de transmissão, a favor de uma visão das pessoas em contexto social”, explica o relatório.

Ou seja, a sindemia faz uma análise mais sócio-económica, centra-se mais nos problemas relacionados, não só com a saúde, mas sobretudo com a estrutura da sociedade e da economia do país ou da região.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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1 Comment

  1. Será bom saber qual o peso das chamadas formações nos centros de emprego, financiadas pela UE. Pelo que julgo saber, os muitos milhares dos chamados “formandos” nestes Centros mais não são do que desempregados que fazem as ditas formações em modo crónico. Estes formandos não são contabilizados como desempregados, embora na realidade o sejam, mas como oficialmente recebem um subsídio pela frequência das formações, não são considerados desempregados. Não é uma boa forma, engendrada pelo partido do governo, de manter a taxa de desemprego num nível baixo, aplicando verbas europeias para mascarar a realidade???

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