Continua a ser investigada a queda do avião Boeing 737-800 da companhia China Eastern Airlines que levava 132 pessoas a bordo. Novas imagens mostram que foi uma queda a pique, o que indicia que “algo de muito estranho aconteceu”.
O avião caiu perto da cidade de Wuzhou, na região autónoma de Guangxi. O voo partiu da cidade de Kunming, na província de Yunnan, sudoeste da China, com destino final em Cantão, sul do país.
A televisão estatal chinesa CCTV informou não terem sido encontrados, até agora, quaisquer sobreviventes do acidente. Morreram 132 pessoas no acidente.
Entretanto, as câmaras de segurança de uma empresa de mineração e de um carro que viajava perto de onde ocorreu o acidente captaram o momento da queda.
Essas imagens foram divulgadas nas redes sociais e indicam que o avião caiu a pique, algo que o ex-piloto da TAP e especialista em aviação, José Correia Guedes, considera “muito preocupante”.
O ex-comandante da TAP nota que o Boeing 738 “voava a FL290 quando “picou” para o solo”, perdendo “20,000 pés em 2 minutos”. A “última velocidade registada antes do impacto” foi de “696 km/h”, ainda segundo o ex-piloto que conclui, assim, que “algo de muito estranho terá acontecido”.
José Correia Guedes cita ainda dados do site de rastreamento de voos FlightRadar24 para notar que o avião “voava a FL290 às 06:20.43 UTC” e que “16 segundos depois inicia descida brutal“. “Passados 56 segundos parece recuperar e regista razão de subida positiva”, mas “27 segundos depois volta a picar“, acrescenta o especialista de aviação português.
Muito preocupante. Boeing 738 da China Eastern depenhou-se perto de Guangzhou. Voava a FL290 quando “picou” para o solo. Perdeu 20,000 pés em 2 minutos. Última velocidade registada antes do impacto 696 km/h. Algo de muito estranho terá acontecido. A seguir com atenção pic.twitter.com/hCEWKQ3Hjw
— José Correia Guedes (@cpt340) March 21, 2022
A explosão causada pelo embate foi registada em imagens de satélite da agência espacial norte-americana NASA e criou um buraco na encosta da montanha.
Veículos aéreos não tripulados (‘drones’) e buscas manuais estão a ser usadas para tentar encontrar as “caixas-negras”, que contêm os dados de voo e os gravadores de voz da cabina. Estes dispositivos são essenciais para a investigação do acidente.
O Presidente da China, Xi Jinping, pediu uma “operação de resgate completa”, bem como uma investigação cuidada para apurar as causas do acidente.
China Eastern toma medida incomum
Entretanto, a imprensa estatal chinesa informa que todos os modelos da Boeing 737-800 da frota da China Eastern estão parados. Trata-se de uma medida considerada incomum por especialistas em aviação, a menos que haja evidências de um problema com o modelo.
A China tem mais aviões 737-800 do que qualquer outro país, quase 1.200, e se o uso de aviões idênticos em outras companhias aéreas chinesas for interrompido, “poderia ter um impacto significativo nas viagens domésticas”, aponta o consultor de aviação IBA.
Estes aparelhos estão a ser utilizados desde 1998, tendo a Boeing vendido mais de 5.100 unidades.
Este modelo esteve envolvido em 22 acidentes, que danificaram os aviões de forma irreparável e causaram 612 mortos, de acordo com dados compilados pela Aviation Safety Network, um braço da Flight Safety Foundation.
“Existem milhares deles em todo o mundo. Certamente tem um excelente histórico de segurança”, refere o presidente da Flight Safety Foundation, Hassan Shahidi, sobre o 737-800.
A China, um dos três principais mercados de aviação civil do mundo, não registava um acidente aéreo com mais de cinco mortes desde 2010, até à queda do voo MU5735.
Um Embraer ERJ 190-100, operado pela Henan Airlines, e que transportava um total de 96 passageiros e tripulantes atingiu o solo próximo à pista, em 24 de Agosto de 2010, ao pousar na cidade de Yichun, no nordeste do país.
O acidente matou 44 pessoas, depois de o combustível ter pegado fogo, enquanto 52 pessoas sobreviveram. Os investigadores culparam um erro do piloto que estava a pousar à noite, com visibilidade reduzida.
A segurança da indústria no país asiático melhorou bastante, desde uma série de acidentes mortais nas décadas de 1990 e 2000. As Forças Armadas chinesas sofreram alguns acidentes fatais, mas poucos detalhes estão disponíveis.
ZAP // Lusa
Acidente da China Eastern Airlines
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