A decisão do Governo dos Estados Unidos de proibir viagens culturais e educacionais em grupo a Cuba colocou em causa cerca de 800 mil reservas de cruzeiros, acusa a Associação Internacional de Linhas de Cruzeiros (CLIA).
Na terça-feira, os Estados Unidos impuseram novas sanções contra Cuba proibindo, para além de viagens culturais e educacionais em grupo para a ilha, a exportação de barcos e aviões privados e comerciais. Esta quinta-feira, em comunicado, citado pela agência espanhola EFE, a CLIA refere que a proibição que entrou hoje em vigor vai afetar viagens “previamente aprovadas” pelo Governo norte-americano.
No comunicado enviado à EFE, pode ler-se que “sem aviso, os membros da CLIA são obrigados a cancelar imediatamente todos os cruzeiros para Cuba”. A associação contabiliza quase 800 mil reservas para viagens que já estavam programadas ou em curso.
A CLIA lembra ainda que as reservas foram feitas no âmbito de uma licença geral emitida pelo Governo norte-americano, na altura presidido por Barack Obama. Esta licença “autorizava as chamadas viagens ‘de cidade para cidade’ para Cuba”, detalha a associação.
O organismo não revelou qual o impacto financeiro desta medida, mas alerta que, com base nas novas regras, viajar para Cuba num cruzeiro dos EUA passou a ser “ilegal”.
Do lado das empresas de cruzeiros, apenas se sabe que informaram os clientes que não podem realizar as viagens e que estão a avaliar o impacto da medida, sem adiantarem ainda uma alternativa. A EFE lembra que o primeiro cruzeiro autorizado a viajar para Cuba a partir de território norte-americano, depois de mais de 50 anos, foi o Adonia, da empresa Fathom, subsidiária da Carnival Cruises. A viagem aconteceu em 1 de maio de 2016 entre Miami e Havana.
Na terça-feira, Washington, que acusa Havana de ter um “papel desestabilizador” na América Latina, proibiu a exportação de barcos e aviões, segundo um comunicado do Departamento do Tesouro. A proibição de exportação aplica-se a cruzeiros e barcos pessoais, assim como aviões privados e comerciais.
“Esses atos vão ajudar a manter os dólares norte-americanos fora do alcance dos serviços militares, secretos e de segurança cubanos”, indicou o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, em comunicado.
Essas viagens foram usadas por milhares de cidadãos norte-americanos para visitar a ilha antes de os Estados Unidos restabelecerem relações diplomáticas completas com o Governo comunista em dezembro de 2014.
“Cuba continua a ser comunista e os Estados Unidos, sob Governos anteriores, fizeram concessões demais a um de nossos adversários históricos mais agressivos”, salientou o secretário do Comércio, Wilbur Ross, no comunicado.
Os Estados Unidos, que acusam as autoridades cubanas de apoiar os regimes de Nicolás Maduro na Venezuela e Daniel Ortega na Nicarágua, aumentaram em abril a sua lista negra de empresas cubanas que não podem beneficiar de transações financeiras diretas dos EUA, incluindo um ramo do exército cubano dedicado ao turismo, chamado Gaviota.
ZAP // Lusa