Uma estrela morta está a transformar-se num grandioso “diamante cósmico”

Mark Garlick / Universidade de Warwick

Ilustração de uma anã branca a solidificar-se num cristal, milhares de milhões de anos depois de colapsar

Um enorme diamante está a nascer no espaço. Com 4 mil milhões de anos, a HD 190412 C é a primeira anã branca em processo de cristalização com idade definida.

Cientistas encontraram uma estrela que está a arrefecer e a cristalizar-se, transformando-se lentamente num belo e gigante diamante.

A HD 190412 C é uma anã branca. É a ‘casca’ que resta de uma estrela, composta maioritariamente por matéria degenerada e que, antes de colapsar, queimou a maior parte do seu combustível.

As anãs brancas são consideradas ‘mortas’ porque os átomos dentro delas já não se unem para fornecer energia à estrela.

No entanto, estas anãs ainda brilham, devido ao calor que emanam. Muito lentamente, a estrela vai arrefecendo e desaparecendo.

Em estrelas cujo núcleo é composto maioritariamente por carbono e oxigénio sólido, esse processo de arrefecimento resulta numa cristalização, mas esta ação é tão lenta que os investigadores não acreditavam que alguma estrela pudesse algum dia ter-se convertido num belo e enorme diamante — até ao passado dia cinco de junho.

Depois da morte… um belo diamante

Descobertas publicadas na base de dados arXiv indicam que a cerca de 104 anos-luz foi encontrada uma velha estrela, com mais de quatro mil milhões de anos, a entrar no processo de cristalização.

Depois de avaliarem a sua temperatura em 6300ºC, os cientistas puderam classificá-la com certeza como uma anã branca em processo de cristalização.

A partir de outras estrelas ainda ‘vivas’, que fazem parte do sistema HD 190412, em que se insere esta anã branca, os investigadores determinaram, segundo o Live Science a quantidade de metal presente no seu núcleo.

Conhecer a nossa distância exata desta estrela foi fundamental, uma vez que esta influencia a intensidade da luz emitida pelo velho astro.

Com informação oferecida pela Missão Gaia da Agência Espacial Europeia (ESA) — que tem o objetivo de construir um mapa 3D das estrelas da Via Láctea — os cientistas modelaram o arrefecimento da anã ao longo do tempo.

A equipa confirmou ainda que há outros sistemas semelhantes ao HD 190412, sendo provável haver outras anãs a cristalizar-se por perto.

“Concluímos que a descoberta do sistema HD 190412 abriu um novo caminho para a compreensão de anãs brancas em cristalização”, escreveram os autores.

Este é o primeiro caso de uma anã branca a cristalizar-se com idade externamente restrita.

Ainda não foram publicadas imagens desta estrela recordista, mas sabemos que o seu destino é o mesmo que o nosso sol sofrerá… daqui a oito mil milhões de anos.

Tomás Guimarães, ZAP //

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