Sugestão de espionagem leva ministros dos Países Baixos a abandonar o plenário

Sem Van Der Wal / EPA

Sigrid Kaag e o governo holandês a abandonar o plenário

Uma insinuação de que a vice-primeira-ministra dos Países Baixos Sigrid Kaag foi recrutada por “agências ocidentais” como espiã provocou uma rara paralisação durante uma sessão parlamentar.

A paralisação na câmara baixa do parlamento foi desencadeada por um discurso do deputado de extrema-direita Thierry Baudet, enquanto a coligação do governo e os partidos da oposição ponderavam o orçamento de 2023, anunciado um dia antes.

Em vez de discutir números, Baudet — conhecido pelas suas declarações provocativas — voltou-se para Kaag, que também é o líder do partido progressista de centro-esquerda D66 e ministra das Finanças do país.

Baudet disse que Kaag “estudou no St. Antony’s College de Oxford, que na verdade nada mais é do que um instituto de treino para agências de informação ocidentais”.

“Exatamente as elites globais que querem planear as nossas vidas nos bastidores”, disse Baudet, provocando uma objeção furiosa de Kaag e uma interrupção da presidente do parlamento neerlandês Vera Bergkamp.

“Onde ela [Kaag] estudou não tem nada a ver com procedimentos. Acho esse tipo de conspiração sobre onde estudou realmente inadequado”, afirmou Bergkamp.

Porém, Baudet persistiu, levando Sigrid Kaag e todo o governo holandês a levantar-se e a abandonar o plenário.

Poucos minutos depois, o primeiro-ministro Mark Rutte regressou sozinho, dizendo que “isto passou dos limites. Isto é inaceitável”.

Os Países Baixos anunciaram, na terça-feira, um pacote “sem precedentes” de 17,2 mil milhões de euros para ajudar os cidadãos a enfrentar preços crescentes e inflação de dois dígitos impulsionada pela guerra na Ucrânia.

O governo anunciou um conjunto de medidas económicas na proposta orçamental para 2023, como a subida do salário mínimo em 10%, como resposta à inflação.

O salário mínimo mensal para os maiores de 21 anos é de 1.756,20 euros, subindo para 1.931,82 euros. Em termos gerais, a proposta inclui estímulos de 17,2 mil milhões de euros para promover o poder de compra das famílias.

O Executivo espera financiar esta medida mediante um equilíbrio mais justo entre os impostos incidentes sobre o trabalho e os que incidem sobre a riqueza.

ZAP // Lusa

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