Espiões dos EUA e Israel irritados com revelações de Trump a russos

Russian Foreign Ministry Handout / EPA

O Presidente Donald Trump no encontro, realizado na Casa Branca, com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, e o embaixador russo nos EUA, Sergei Kislyak

O Presidente Donald Trump no encontro, realizado na Casa Branca, com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, e o embaixador russo nos EUA, Sergei Kislyak

Os EUA e Israel desvalorizam publicamente as alegações de que o Presidente norte-americano partilhou com russos informação sensível, obtida pela espionagem israelita, mas os espiões daqueles países estão frustrados e receosos com as repercussões para a sua parceria.

“Sei como as coisas funcionam nas informações israelitas”, afirmou Uri Bar-Joseph, professor na Universidade de Haifa, em Israel, que tem estudado e escrito sobre as operações de espionagem do Estado de Israel.

“Tenho alguns amigos com quem falo. Eles estão perturbados. Estão sinceramente frustrados e irritados”, disse.

Durante uma reunião na Casa Branca com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo e o embaixador russo nos EUA, na semana passada, Donald Trump partilhou informações sobre uma ameaça proveniente do Estado Islâmico, envolvendo computadores portáteis em aviões, segundo um dirigente sénior norte-americano, que falou sob anonimato, por não estar autorizado a falar sobre assuntos sensíveis.

Dirigentes dos EUA e de Israel procuraram acalmar a situação. O conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, H. R. McMaster, disse à imprensa que as revelações de Trump foram “totalmente apropriadas”.

O chefe de Estado também confirmou, no Twitter, que partilhou informação com a Rússia sobre terrorismo e afirmou que, “como Presidente, tenho todo o direito de o fazer” e que só o fez porque quer que os russos “intensifiquem a luta contra o ISIS e o terrorismo”.

O ministro da Defesa de Israel, Avigdor Lieberman, divulgou uma mensagem no Twitter, garantindo que estes dois aliados vão continuar a ter uma “profunda, significativa e inédita” relação de segurança.

Mas algumas das pessoas que passaram anos a defender esta relação preveem consequências destas revelações de Trump.

Trump fez “dois erros muito sérios”, disse o antigo diretor da Agência Central de Informações (CIA) John Brennan, na quinta-feira, durante um encontro de dirigentes financeiros, em Las Vegas.

“Partilhamos muita informação sensível sobre as operações de terrorismo planeadas contra os russos”, disse. “Mas partilhamo-la através dos canais das informações e certificamo-nos de que a linguagem do que se partilha não compromete, seja como for, os nossos sistemas de obtenção das informações. Trump não fez isto”, considerou.

Um antigo diretor da agência de espionagem israelita Mossad, Shabtai Shavit, disse à agência AP que o seu “sentimento é que quem quer que pertença a este clube profissional (círculos de espionagem) está muito irritado”.

Outro antigo diretor da Mossad, Danny Yatom, disse a uma estação radiofónica israelita que se as notícias são certas, Trump causou provavelmente “grandes estragos” à segurança dos EUA e de Israel.

ZAP // Lusa

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