Espanha insiste em emissão conjunta de dívida europeia “a médio prazo”

Pool Moncloa / César P.Sendra / Wikimedia

Nadia Calviño, ministra da Economia de Espanha

A ministra da Economia espanhola diz que o acordo alcançado pelo Eurogrupo “fazia falta”, mas insiste que haja emissão conjunta de dívida europeia “a médio prazo”. O Parlamento espanhol aprovou, entretanto, a renovação do estado de emergência.

A vice-presidente do Governo espanhol, Nadia Calviño, responsável pelos Assuntos Económicos, assegurou, esta sexta-feira, que Madrid vai insistir para que, “a médio prazo”, haja um mecanismo de mutualização da dívida europeia, após o Eurogrupo não ter chegado a acordo.

Em entrevista à rádio espanhola Cadena Ser, horas depois de o Eurogrupo ter acordado sobre um pacote de resposta à crise económica, mas ter deixado a decisão sobre o financiamento de um futuro fundo de recuperação nas mãos dos líderes europeus, Nadia Calviño frisou que esse mecanismo deverá permitir “mutualizar os custos do combate a esta pandemia”, de forma estrutural.

Em causa estão os chamados coronabonds ou eurobonds, uma emissão conjunta de dívida europeia, que Nadia Calviño assegurou continuar a ser uma prioridade para Moncloa, que deve ser concretizada “a médio prazo”.

Já falando sobre o pacote de “dimensões sem precedentes” para fazer face à crise provocada pela pandemia aprovado pelo Eurogrupo, que inclui “redes de segurança” para trabalhadores, empresas e Estados-membros e ascende a 500 mil milhões de euros, a governante espanhola classificou este como “um bom acordo” e que “fazia falta”.

Ainda assim, Nadia Calviño admitiu que, durante as negociações, que duraram várias horas, houve momentos de “muita tensão”, dadas as posições divergentes dos Estados-membros, nomeadamente da Holanda, que era a mais reticente.

Parlamento autoriza novo estado de emergência

O parlamento espanhol aprovou, esta quinta-feira, o prolongamento por mais duas semanas, até 25 de abril, do estado de emergência em vigor desde 15 de março no país.

O Governo de coligação de esquerda, liderado pelo socialista Pedro Sánchez, recebeu a aprovação de 270 deputados, havendo 54 que votaram contra, numa votação em que a maioria dos membros da assembleia fez a partir de casa, por meios telemáticos.

Votaram contra 54 deputados de dois partidos – os 52 membros do Vox, de extrema-direita, a terceira maior força política da assembleia, depois do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) e do Partido Popular (PP, direita), e os dois da CUP (Candidatura de Unidade Popular), de extrema-esquerda antissistema independentista da Catalunha.

Sábado passado, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, tinha anunciado o prolongamento do estado de emergência até à meia-noite de 25 de abril para travar a covid-19 numa altura em que, tudo indica, está “superado o pico” desta pandemia.

No debate parlamentar, o chefe do Executivo avançou já que, dentro de quinze dias, terá de voltar ao Parlamento para prolongar o estado de emergência por mais duas semanas, porque o país não terá ainda “posto fim à pandemia”.

Sánchez explicou que só não pede agora mais um mês de período de exceção porque a oposição acusá-lo-ia de pretender evitar prestar contas aos representantes do povo. Assim, “prefiro vir de duas em duas semanas”, disse o chefe do Governo, insistindo que está “convencido” de que haverá um novo alargamento do estado de emergência depois de 25 de abril próximo e, “se não fosse assim, seria porque as coisas teriam melhorado substancialmente”.

O debate também foi marcado pelo pedido do chefe do Governo para que houvesse uma “unidade e lealdade” de todos os quadrantes políticos na luta contra a covid-19. Sánchez incentivou que se seguisse o exemplo de Portugal, onde o presidente do PSD, Rui Rio, fez um “discurso emotivo” a desejar “boa sorte” ao Governo e a oferecer a sua colaboração na luta nacional contra a covid-19.

O presidente do PP, Pablo Casado, respondeu que “os espanhóis mereciam um Governo que não lhes minta” e considerou que a “autoridade moral” de Sánchez para pedir “unidade e lealdade” era “nula”.

Casado atacou a gestão feita pelo Executivo espanhol da crise do coronavírus e pediu-lhe para “dizer a verdade” sobre a situação real da doença no país, que declarasse luto nacional e que garantisse o envio de material de proteção a todos os trabalhadores nos serviços de saúde.

ZAP // Lusa

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