(dr) Kristin von Hirsch
Han Kang e outros escritores na floresta em Oslo.
Os escritores entregam livros originais para serem guardados durante cem anos, para que depois possam ser lidos. A ideia pertence ao projeto “Future Library”, da artista escocesa Katie Paterson.
Em Nordmarka, no norte de Oslo, foram plantados, em 2014, mil abetos noruegueses numa floresta. Cem anos depois, quando já tiverem crescido totalmente, serão cortados e com o seu papel serão publicados vários livros originais do projeto “Future Library“.
Os livros estão secretamente guardados há cinco anos e assim permanecerão durante mais 95 anos, até ao ano 2114. A ideia partiu da artista escocesa Katie Paterson e contou com a adesão de vários escritores reconhecidos internacionalmente. Muitos poderiam ter publicado as suas obras, mas decidiram mantê-las “escondidas” durante 100 anos.
Escritores premiados como Han Kang, Margaret Atwood e David Mitchell são alguns dos envolvidos nesta iniciativa. A cada ano que passa, Paterson vai pedindo a mais um escritor para oferecer uma obra original que ainda não tenha sido publicada. De acordo com o jornal The Guardian, os livros são guardados na Biblioteca Deichman, especialmente construída com madeira da floresta de Nordmarka.
“Nenhum adulto hoje vivo saberá o que há dentro das caixas, além de que são textos que vão resistir à erosão do tempo“, disseram os organizadores do projeto.
“Foi como um casamento do meu manuscrito com esta floresta. Ou uma canção de embalar para um sono de um século, tocando suavemente a terra durante todo o caminho”, disse a escritora Han Kang, citada pelo Expresso. Apenas foi revelado o nome da sua obra: “Dear Son, My Beloved”.
O manuscrito de Margaret Atwood é intitulado de “Scribbler Moon” e foi escrito em 2014. “É como um sono de beleza. Os textos vão repousar durante 100 anos e depois vão acordar e viver novamente. É um conto de fadas sobre a passagem do tempo“, disse Atwood. “Haverá seres humanos à espera de receber os livros? Haverá Noruega? Haverá uma floresta? Existirão ainda bibliotecas?”, acrescentou.
