O famoso escritor norueguês Karl Ove Knausgaard, autor de romances como A Morte do Pai e a Ilha da Infância, onde explora a sua história pessoal e o seu dia a dia, aceitou escrever um livro para a Futura Biblioteca, um projeto que se propõe imprimir em 2114 obras inéditas de escritores com papel fabricado a partir de árvores plantadas cem anos antes.
O projeto é obra de uma artista escocesa, Katie Paterson, e neste momento já conta com manuscritos de autores conhecidos como David Mitchell e Margaret Atwood. Embora as árvores a utilizar tenham sido plantadas numa floresta norueguesa em Oslo, Knausgaard é o primeiro escritor do país a integrar a coleção.
“Para Knausgaard, o dever da literatura é descobrir um caminho para o mundo como ele é”, explicou Paterson, citada pelo The Guardian. “Os seus retratos épicos da vida humana são imersivos, magnéticos e absorventes. Ele descobre o sublime no dia a dia, e dissolve fronteiras entre a imaginação e a realidade através de atos de autoexposição radical”.
O escritor, pela sua parte, congratulou-se com a iniciativa de Paterson. “Adoro a ideia de termos leitores que ainda não nasceram. É como enviarmos um pequeno barco do nosso tempo até eles”, disse, ainda citado pelo jornal britânico. “Gosto que seja aberto daqui a cem anos e gosto da lentidão com que a floresta cresce, que tudo esteja relacionado. É uma maravilhosa obra de arte verde.”
O autor garantiu que o facto de saber que ninguém hoje vivo iria ler o que já começou a escrever não fazia diferença, pois um escritor não pode pensar nos leitores quando está a trabalhar.
Em 2020, os manuscritos vão ser transportados para a New Deichmanske Library, atualmente a ser construída em Oslo, onde vão ser exibidos numa Sala Silenciosa, uma câmara virada para a floresta, coberta de madeira das árvores.
Os visitantes vão poder entrar, um ou dois de cada vez, para contemplar os manuscritos, exibidos em caixas vidradas para aguardarem o passar dos anos. Um “espaço contemplativo” capaz de instigar a imaginação do visitante numa viagem pelo tempo, é como Katie Paterson a define.