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Há escolas que separam alunos para melhorar os resultados (e resulta)

Duas escolas da Madeira dividiram os alunos por turmas de acordo com o desempenho académico dos anos anteriores e viram o insucesso escolar baixar consideravelmente.

Em três anos, a Escola Básica dos 2.º e 3.º ciclos do Caniço baixou a taxa de retenção de 20,8% para 4% e a Escola Básica 2.º e 3.º ciclos de Câmara de Lobos viu a taxa de insucesso baixar de 11% para 3,1%.

Estas duas escolas da Madeira dividiram os alunos por turmas consoante o desempenho académico dos anos anteriores, separando os que têm mais dificuldades dos que se saem melhor. Mas, segundo o Público, o sucesso extravasa os números.

“Muitos encarregados de educação têm vindo à escola pedir para os filhos entrarem para o programa”, diz ao jornal Armando Morgado, presidente do conselho executivo da EB 2/3 do Caniço.

No início dos projetos – “Caniço +” e “Estreito +” – houve muita desconfiança por parte dos encarregados de educação, do sindicato dos professores e dos partidos da oposição ao governo social-democrata de Miguel Albuquerque, que receavam que os estudantes se sentissem descriminados.

Se houve discriminação, foi pela positiva. As turmas de recuperação [onde os alunos com maiores dificuldades foram colocados], sempre tiveram mais meios pedagógicos do que as restantes”, explicou António Mendonça.

O “Estreito +” começou por atuar no início de cada ciclo escolar, em duas turmas do 5.º e duas turmas do 7.º ano. Foram formadas turmas, com um máximo de 16 alunos, de desenvolvimento (para os alunos com bom histórico académico) e de recuperação (para os que denotavam mais dificuldades).

“Os resultados foram bastante positivos, com os alunos a terem melhor desempenho e vontade de aprender mais”, afirma António Mendonça.

A Secretaria Regional de Educação faz também um balanço muito positivo dos três anos de projeto. “Os dados disponíveis confirmam que é possível conceber e implementar com sucesso alternativas para manter a maioria dos alunos no ensino regular, como aconteceu no caso destas escolas”, diz ao jornal o gabinete de Jorge Carvalho, secretário regional de Educação.

No Estreito de Câmara de Lobos, desde que o programa chegou à escola, a taxa de retenção caiu de 11% para 3,1%. No Caniço, a taxa global de sucesso subiu de 79,2% (no final de 2014/2015) para os 96% do ano lectivo passado. Em anos mais sensíveis, como o 7.º ano, a taxa de retenção tornou-se residual: 2,6%, quando antes era de 15,2%.

“É sabido que cada pessoa aprende de forma diferente. Não pode, portanto, a escola que se afirma democrática, ensinar de forma igual para todos”, adianta a secretaria regional.

ZAP //

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