Nas escolas norte-americanas registam-se tiros duas vezes por semana, incluindo situações de suicídio, homicídio, tiroteio com a polícia e ataques entre estudantes. Este ano, incidentes do género originaram mortes mais do que uma vez por mês, segundo um banco de dados compilado por advogados.
Como noticiou o Guardian, as escolas são um dos locais mais seguros para os jovens nos Estados Unidos (EUA), com os tiroteios nesses recintos a representarem apenas uma pequena fração da violência que as crianças e os adolescentes enfrentam diariamente. Mas essa realidade tem vindo a aumentar nos últimos tempos.
Desde o tiroteio em Columbine, em 1999, pelo menos 233 mil crianças foram expostas a situações de violência armada durante o horário escolar, em 243 escolas do país, referiu o Washington Post.
De acordo com os especialistas da área, cerca de 1.300 jovens norte-americanos, com 17 anos ou menos, morrem todos os anos devido a ferimentos de bala, sendo mais propensas a serem mortas nas próprias casas ou nos bairros do que nas escolas.
A violência doméstica é particularmente mortal, referiu o Guardian. A 16 de novembro, um pai matou a tiro os três filhos e a esposa, em San Diego. O quarto filho, de nove anos – também atingido pelo pai -, morreu dias depois. Esse episódio de violência doméstica foi mais mortal do que qualquer um dos ataques em escolas norte-americanas até 2019, de acordo com as notas do Washington Post e do New York Times.
“Os tiros nas escolas são apenas a ponta do iceberg quando falamos de violência armada contra crianças e adolescentes”, indicou Ruhi Bengali, membro da Everytown for Gun Safety, uma organização norte-americana para controle de armas.
Uma análise da Everytown for Gun Safety mostra que 20% de todos os tiros nas escolas provêm de situações não intencionais, mas mesmo esses “resultaram num número razoável de feridos. Os suicídios por armas de fogo, sem intenção de prejudicar ninguém, representaram 12% de todos os incidentes”, contou a responsável.
Como acontece com outros tipos de violência armada nos EUA, os estudantes negros são desproporcionalmente afetados. Estes representam apenas 15% da população escolar mas perfazem 24% das vítimas, acrescentou Ruhi Bengali.
Embora as autoridades locais ofereçam apoio aos jovens atingidos por este tipo de incidentes, não existem alterações na lei: os legisladores republicanos bloquearam qualquer lei para controle de armas nos últimos 25 anos, notou ainda o Guardian.