Duas escolas do 1.º ciclo de Pedrógão Grande, no norte do distrito de Leiria, desativadas há três anos, vão reabrir em setembro como residência de estudantes da Escola Tecnológica e Profissional da Zona do Pinhal.
À agência Lusa, o diretor-geral da escola profissional, João Marques, explicou que as duas residências vão ter capacidade para um total de 25 alunos, sendo a prioridade no alojamento dada aos estudantes deslocados de países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP), aos que residam a mais de 50 quilómetros de Pedrógão Grande ou aos que sejam oriundos de zonas onde não estejam assegurados transportes públicos.
“Foi feito um contrato de comodato com a Câmara Municipal de Pedrógão Grande, que também colaborou nas obras de adaptação dos dois imóveis”, situados na sede do concelho, adiantou João Marques, referindo que os trabalhos custaram cerca de 100 mil euros.
O responsável justificou o investimento com o facto de o Estado ter deixado de financiar os alunos oriundos dos PALOP.
“Até aqui, a escola recebia um subsídio do Fundo Social Europeu para os ajudar a pagar o alojamento. A partir do momento em que a escola deixou de receber esse subsídio, a solução foi recuperar estas instalações que ficam, com certeza, muito mais baratas ao estabelecimento de ensino, porque os custos são a água, luz e gás, essencialmente”, esclareceu.
Com a abertura das residências, os alunos “têm alojamento gratuito” e a “escola suporta, com a ajuda da câmara, a alimentação”.
“Nas férias escolares do verão, o objetivo passa por aproveitar o espaço para outros grupos, como escuteiros, e a realização de outras atividades”, acrescentou o diretor-geral.
Com 270 alunos – cerca de 30 são dos PALOP – distribuídos por cinco cursos, os objetivos da Escola Tecnológica e Profissional da Zona do Pinhal passam pela “manutenção da população escolar e, eventualmente, fazer alguma alteração na oferta formativa”, abarcando a área das tecnologias, “ligadas à mecânica e eletrotecnia”, disse.
Para João Marques, a captação de alunos estrangeiros é uma oportunidade para estas escolas.
“É importante por duas razões, primeiro mantém os postos de trabalho criados, de docentes e não docentes, e permite que os alunos nacionais e os da região possam fazer aqui a sua formação profissional”, observou, criticando a exigência de 26 alunos para a criação de turmas.
O responsável realçou ser “muito difícil em zonas despovoadas e em zonas de baixa densidade demográfica, como é o caso de Pedrógão Grande, conseguir 26 alunos para abrir uma turma”.
“O mercado de trabalho é pequeno e lançar 26 alunos de uma vez para o mercado de trabalho não é aconselhável”, declarou, classificando como “incongruência” e “irracionalidade” que “o Estado obrigue nestas zonas que um curso abra com o mesmo número de alunos que em Lisboa, Coimbra ou Leiria”.
/Lusa