Membro do PAN ia debater “Cowspiracy” numa escola. Produtores de leite não gostaram, convite foi retirado

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(dr) A.U.M. Films / First Spark Media

“Cowspiracy: The Sustainability Secret”, documentário realizado por Kip Andersen e Keegan Kuhn

A Escola Secundária de Barcelos convidou um membro do PAN para estar presente na exibição e debate do documentário Cowspiracy. A Associação dos Produtores de Leite de Portugal criticou a situação e o convite foi rapidamente retirado.

Tudo começou, esta quarta-feira, quando a Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP) criticou a exibição na Escola Secundária de Barcelos de Cowspiracy: The Sustainability Secret, um documentário de 2014 que aponta a produção animal como a atividade humana com maior impacto no planeta.

A APROLEP enviou um comunicado à Lusa, considerando que o filme apresenta “uma imagem distorcida” da produção animal e alude a várias “incorreções”. Contactado pela mesma agência, o diretor da escola, Jorge Saleiro, disse que a APROLEP estava a fazer “uma tempestade num copo de água” e que o único objetivo da exibição do filme era “provocar a discussão sobre a questão incontornável das alterações climáticas e do futuro do planeta”.

Para a sessão, estava também prevista a presença do representante do Pessoas-Animais-Natureza (PAN), Jorge Esteves, desde logo contestada pela APROLEP, mas entretanto a escola decidiu restringir o debate aos alunos e aos professores.

“Entendemos que, nesta altura, não seria conveniente ter qualquer representante de qualquer força política”, explicou Jorge Saleiro que, ainda em declarações ao Público, rejeitou que as críticas da APROLEP tenham sido o único motivo para este recuo.

“Foi suscitada alguma celeuma que, na nossa opinião, era injustificada. Achámos que, nesta altura, o mais adequado seria reservar a discussão apenas para a escola, até porque se trata de uma atividade escolar”.

Questionado pelo jornal, o gabinete de comunicação do PAN confirmou que o cancelamento do convite partiu da Secundária, que terá informado que o debate seria cancelado devido a “uma queixa por parte de uma entidade ligada à produção agro-pecuária”.

A associação reclamava que estivesse presente alguém “com experiência e formação” para explicar a importância da criação de bovinos para produção de leite e carne em Barcelos, uma atividade que envolve localmente centenas de famílias.

Sobre o documentário de Kip Andersen e Keegan Kuhn, a APROLEP afirma que este apresenta dados “errados e contestados por diversas entidades independentes e isentas”. O documentário diz que 51% de todos os gases de efeito estufa são originados pela produção animal.

A associação alega que o “consenso científico” aponta para valores na ordem dos 14,5% a nível mundial. “Em Portugal, dados de 2017 indicam que os bovinos produzem apenas 4,5% dos gases de efeito de estufa”, sublinha.

Para a associação, “é urgente assegurar que os nossos jovens não são doutrinados unilateralmente, mas antes incentivados a questionar, discutir, inquirir sobre o porquê das coisas, formando uma opinião individual baseada em factos, devendo ser fomentado o pensamento critico, que só se consegue promovendo um debate de ideias, livre, plural e com direito a contraditório”.

A direção da escola já manifestou abertura para agendar a exibição e debate de alguma obra alternativa ao filme em questão, sugerida pela APROLEP. “Se quiserem sugerir uma obra que tenha uma visão diferente, faremos a sua exibição com a mesma independência e nas mesmas condições”, disse o diretor da escola ao diário.

Esta quarta-feira, dados da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) revelam que 42,6% do metano emitido por Portugal é oriundo da agricultura, com especial destaque para a criação de gado bovino para consumo de carne.

Segundo a agência, as emissões originadas por este tipo de pecuária aumentaram 48% entre 1990 e 2017, passando de 60,2 mil toneladas para 89,3 mil toneladas. Por outro lado, a criação de animais para produção de leite e a criação de porcos, ovelhas e cabras emitem cada vez menos metano.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. Só gostaria se saber se as escolas não têm um programa de ensino a seguir e que está autorizado pelo estado e pelos educandos dessas crianças.
    Com que direito pessoas não formadas vão dar palestras sejam de que tipo sejam a crianças, moldando o seu crescimento e privando-ar de adquirir uma normal e saudável evolução pessoal do seu caracter, muitas vezes indo contra aquilo que as suas famílias defendem e lhes ensinam.
    Que eu saiba um professor têm um curso que leva anos a tirar para educar as crianças, normalmente essas palestras são dadas por quem nada sabe da vida e nada têm na cabeça.
    Tipo o PAN que defende os animais e tudo mais, MAS muito a favor do aborto …..ou seja o ser humano vale menos que um animal……… só para chorar com essa hipocrisia.
    No meu parecer deveria ser considerado CRIME qualquer tipo de interferência externa na educação das crianças menores, apenas pessoas qualificadas, seguindo os programas definidos e autorizadas pelo Ministério da educação devem interagir com menores.
    Se querem dar palestras que sejam os pais a levar-los a essas reuniões.

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