Nova era de austeridade. Reino Unido vai subir impostos e cortar na despesa

O Governo britânico quer responder à crise com subidas de impostos e um aumento do salário mínimo, neste que é o primeiro grande pacote de medidas anunciado desde que Rishi Sunak assumiu Downing Street.

Com uma recessão a bater à porta, o Governo britânico anunciou hoje um pacote de medidas que dá início a uma nova era de austeridade.

O Ministro das Finanças, Jeremy Hunt, justificou as medidas com as más previsões económicas para o próximo ano, com estimativas de que o PIB se vá contrair em 1,4% em 2023 e que a inflação deverá continuar acima dos 7%. A qualidade de vida no país também deve cair 7% nos próximos dois anos.

“Hoje apresentamos um plano para enfrentar a crise do custo de vida e reconstruir a nossa economia. As nossas prioridades são a estabilidade, o crescimento e os serviços públicos”, afirmou Hunt.

O ministro disse que o plano “também conduz a uma recessão menor, contas de energia mais baixas, crescimento mais elevado, e um sistema de ensino e NHS (Serviço Nacional de Saúde) mais forte”.

As medidas fazem parte de um orçamento extraordinário apresentado para angariar 55 000 milhões de libras (63 000 milhões de euros) até 2028 e centrado no combate à inflação, que em outubro atingiu os 11,1%, um máximo em 41 anos.

A subida da carga fiscal foi um dos principais anúncios do responsável das Finanças. O limiar para se pagar o escalão mais alto de 45% de IRS vai descer das actuais 150.000 libras (172.000 euros) de rendimentos anuais para 125.140 libras (143.000 euros), relata o The Guardian.

Já os restantes escalões serão congelados até 2028, o que significa que uma fatia significativa da população vai pagar mais de forma indirecta à medida que os salários são actualizados.

A taxa para a segurança social e o imposto cobrado sobre as heranças também continuarão sem mudar. O imposto extraordinário sobre as petrolíferas vai subir de 25% para 35% e será alargado por mais três anos, até 2028.

O Reino Unido vai ainda avançar com uma medida que tem sido muito debatida em Bruxelas e em Portugal: uma taxa temporária de 45% sobre as empresas fornecedoras de electricidade, que têm lucrado com o aumento dos preços do gás natural. De acordo com Hunt, só estas duas medidas no plano energético vão angariar 14 mil milhões de libras para os cofres do Estado.

A taxa sobre as empresas também vai subir de 19% para 25%, como já tinha sido anunciado. Os benefícios fiscais para dividendos e mais-valias serão cortados.

As medidas implicam também uma contenção na despesa, tendo o Governo recuado na intenção de aumentar o orçamento para a Defesa para 3% do Produto Interno Bruto (PIB), mantendo apenas a meta de 2%, e adiado o regresso do valor para a ajuda externa para 0,7%, continuando nos 0,5% do PIB.

Subida do salário mínimo

O apoio que o Governo dá aos britânicos para as contas de energia vai manter-se, mas sofrerá um corte a partir de Abril. As famílias passarão a ter de assumir despesas de até 3000 libras (3.434 euros) anuais, em vez das 2.500 libras (2.862 euros) atuais para beneificarem da ajuda.

O salário mínimo nacional vai ser aumentado em 9,7%. De momento, o salário mínimo nacional para maiores de 23 anos é de 9,5 libras (10,9 euros) por hora, mas a partir de abril vai passar a 10,42 libras (11,9 euros) por hora, uma medida que vai abranger dois milhões de pessoas.

O executivo decidiu também cumprir a promessa de aumentar as pensões de reforma e subsídios de subsistência em linha com a taxa de inflação de setembro, de 10,1%, apesar de a taxa ter subido para 11,1% em outubro.

Adriana Peixoto, ZAP // Lusa

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