O principal epidemiologista da Suécia, Anders Tegnell, admitiu que a sua estratégia para combater a covid-19 resultou em muitas mortes, depois de ter convencido o governo do país a evitar um confinamento.
“Se encontrássemos a mesma doença, com o conhecimento que temos hoje, acho que a nossa resposta chegaria a um ponto de equilíbrio entre o que a Suécia fez e o que o resto do mundo seguiu”, disse Anders Tegnell numa entrevista a uma rádio sueca, citada pela Bloomberg e pela Diário de Notícias.
O epidemiologista projetou a abordagem sueca para combater o coronavírus, evitando o isolamento. Na Suécia, que regista 4.468 mortes, a população podia ir a restaurantes, fazer compras, frequentar ginásios. As crianças com menos de 16 anos continuaram a ir para a escola. Proibidas foram somente as reuniões com mais 50 pessoas, num país onde a taxa de mortalidade está entre as mais altas do mundo.
“Claramente, há potencial para melhorar o que fizemos na Suécia”, disse agora Anders Tegnell, que até aqui tinha argumentado que a natureza de longo prazo da pandemia exigia uma resposta mais sustentável do que confinamentos.
Além disso, a ministra das Finanças, Magdalena Andersson, alertou recentemente que a Suécia enfrenta a pior crise económica desde a Segunda Guerra Mundial, com o PIB a cair 7% em 2020, semelhante ao resto da União Europeia.
Na segunda-feira, o primeiro-ministro suceo, Stefan Lofven, prometeu que, antes do verão, haverá uma investigação sobre a abordagem à crise. Reagindo a essa decisão, Jimmie Akesson, líder dos Democratas Suecos, partido de direita e anti-imigração, escreveu no Twitter que os comentários de Tegnell são “surpreendentes”.
“Durante meses, os críticos foram consistentemente silenciados. A Suécia fez tudo certo, o resto do mundo fez errado. E agora, de repente, isto. A gestão de covid da Suécia torna-se mais incompreensível a cada dia”, acrescentou Akesson.
Coronavírus / Covid-19
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