“A minha ideia não é que o Governo caia, é que o Governo responda à crise”

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Isto É Gozar Com Quem Trabalha / Instagram

O humorista Ricardo Araújo Pereira entrevistou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no Palácio de Belém

Uma semana depois de ter sido eleito, o Presidente da República recebeu Ricardo Araújo Pereira no Palácio de Belém, a quem concedeu uma entrevista que foi transmitida este domingo à noite.

Quem vê o programa “Isto é Gozar Com Quem Trabalha”, conduzido pelo humorista Ricardo Araújo Pereira e transmitido ao domingo à noite na SIC, sabe que a parte final é dedicada a uma entrevista em estúdio, geralmente a pessoas ligadas à política portuguesa.

Esta semana não foi diferente, mas o humorista deslocou-se ele próprio à residência do entrevistado, “ao T2 dele em Belém”, como lhe chamou, porque este terá “ficado sem gasolina depois daquelas voltas da semana passada” na Faculdade de Direito, ironizou.

Sim, o entrevistado desta semana foi o Presidente reeleito, Marcelo Rebelo de Sousa. Sentados a uma mesa à prova de covid-19, que os distanciava por vários metros, no Palácio de Belém, os dois falaram de vários temas, desde a sua reeleição à gestão da pandemia, passando pela relação com o primeiro-ministro.

Questionado sobre os próximos cinco anos, o Presidente da República disse que a sua obrigação “é fazer o possível e o impossível para tentar que [este mandato] seja melhor”, embora não o possa garantir, nem prometer, porque estamos perante uma “nova crise”, uma “pandemia” e “um sistema político mais fragmentado”.

Ainda assim, o chefe de Estado fez questão de garantir que, mesmo estando obrigado a fazer uma “Presidência fechado em casa”, devido à pandemia de covid-19, não tem qualquer plano para fazer cair o Governo. “A minha ideia não é que o Governo caia, é que o Governo responda à crise, que enfrente a pandemia”, afirmou.

Sobre o sucesso da relação que mantém com António Costa, Marcelo Rebelo de Sousa explicou que se deve a três motivos. “Cada um vive na sua casa. São Bento sabe que é São Bento e Belém sabe que é Belém”, começou por dizer.

É uma relação institucional que pode ter momentos afetivos, mas não uma relação afetiva que pode ter momentos institucionais. Faz a diferença. E, como em todas as relações humanas, tem momentos bons e maus, só que não os traz a público. Portanto, resolve-se. E penso que bem. Resolvem-se os momentos menos bons, compensando com o que são os bons. Em termos de país, foi um momento geral bom, com alguns momentos pontuais maus”, explicou.

Sobre a eventual utilização da chamada “bomba atómica”, ou seja, exonerar o Executivo e convocar eleições, o Presidente reeleito disse que esta “só se usa uma vez e em caso extremo” porque tem “efeitos destrutivos enormes”.

“Portanto, é preciso ter a garantia de que não destrói mais do que aquilo que constrói. Se é para destruir mais do que constrói, não vale a pena utilizar. Destrói o sistema e o Presidente. É para usar em casos excecionais e, sobretudo, não deve ser usada como ameaça porque quem faz isso acaba por retirar-lhe valor”, alertou.

Relativamente à atuação do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, no caso da morte do cidadão ucraniano Ihor Homeniuk, Marcelo Rebelo de Sousa disse que nunca foi a sua ideia “dizer que um ministro devia sair ou não”.

“O Presidente, na nossa Constituição, pode receber em casa um ministro e abrir a porta, mas não pode levá-lo até à porta da rua. Quem o leva até à porta da rua é o primeiro-ministro. Portanto, a questão não se pôs no caso concreto.”

E uma deixa do humorista permitiu ao Presidente explicar o resto. Quando os filhos eram mais novos e as pessoas se deixavam ficar até tarde em sua casa, “utilizava uma forma mais diplomática: ‘Meninos, vamos deitar-nos que estes senhores querem ir embora’.”

Questionado sobre os números desta terceira vaga, que coloca Portugal entre os piores países do mundo a nível de infetados e de óbitos, Marcelo Rebelo de Sousa quis destacar o esforço dos profissionais de saúde e disse esperar que, para além de condecorações, haja, sim, “mais investimento no Serviço Nacional de Saúde“.

No final, antes da despedida, o chefe de Estado aproveitou para recordar um episódio vivido com o ex-Presidente Cavaco Silva, cerca de três meses depois de o seu antecessor ter deixado o cargo, quando os dois se encontraram numa cerimónia.

“Eu disse-lhe: ‘Está em grande forma’. E ele respondeu-me: ‘Estou ótimo! Sinto-me magnífico! Nem imagina, sinto-me aliviado, saiu-me de cima dos meus ombros um peso, está a ver?’. ‘Estou, estou, é o peso que veio para cima dos meus‘”, respondeu-lhe.

Filipa Mesquita, ZAP //

11 Comments

  1. Agora com a chegada dos Médicos e Enfermeiros alemães, espero que os nossos Senhores Doutores e Enfermeiros, especialmente os seus Representantes, Ordens e Sindicatos, aproveitem para aprender alguma coisa, a serem mais humanos, a mais trabalho e menos conversa, a Humanismo, á União de esforços sem regatear ou comentar, obstruir com quem está á frente do Leme a pilotar contra uma pandemia inimiga que ninguém conhece

    • Só por curiosidade quem está a frente do leme ??? é que do pouco que sei de navegação marítima antes de segurar o leme traça-se uma rota e depois segue-se essa rota. Até agora tenho visto um país que consoante as ondas e tanto navega para Norte como para Sul .

      • No meio de uma tempestade como a que atravessamos, nunca se pode navegar da mesma forma quando existe acalmia e o mar está flat… A rota tem de variar consoante o estado do mar, as correntes, as ondas, o vento, que geralmente são extremos… Não defendo este governo nem NENHUM político deste país, mas tem de existir bom senso porque o bota-abaixo é fácil de fazer quando são feitos por treinadores de bancada profissionais ou simplesmente porque sim…

      • Tem toda a verdade relativamente as tempestades mas nos dias de hoje a previsão do tempo também entra nas variáveis na elaboração de uma rota, ora pegando na analogia o governo sabia desde Agosto que poderia vir uma 2ª tempestade quando ela chegou reagiu mal e permitiu uma 3ª vaga e a tempestade perfeita. Partilho o mesmo principio que o Sr de não defender nenhum politico ou partido a não ser que seja espezinhado sem qualquer motivo que o justifique, mas critico o quando no meu entender algo está errado e que tal erro tem consequenciais graves.

      • Concordo inteiramente, infelizmente para quem vive da politica os Mortos, o Sofrimento do Povo não conta, ajudei a que a informação fosse livre, tanto arrependimento vai na minha alma, antes a informação defendia o Estado = os Portugueses, tínhamos boa televisão, bons jornalistas, bons programas, bons filmes, Teatro, Variedades, Orquestras, Futebol, Etc., hoje com a suposta, erradamente, liberdade da informação Pagamos 50€ para as televisões e não temos nada, as televisões deixaram de defender o Estado, os Portugueses, e passaram a defender os grupos de interesses, que prejudicam a sociedade

      • Quem está á frente do Leme tem provado ser muito competente, uma grande Senhora, uma boa Ministra, a melhor que ocupou o Ministério á décadas, os Ministros de Saude sem nenhuma crise, e muito menos como esta foram todos um fracasso, ja para não falar em seriedade, existe Rota, sempre atropelada por os peões da oposição e aqui e ali também dos lideres, esta senhora será uma seria candidata a 1º Ministro.
        Nao tem culpa da fraca seriedade dos elementos da classe de Saúde habituados a ganhar viagens e ferias á custa de receitas de medicamentos, toda a gente sabe a luta para vencerem as receitas digitais, as tropas da oposição indiferentes á saúde e mortes dos portugueses desfilam nas televisões em papel de paineleiros, em vez de trabalharem para salvar mortes, e não ser necessário ajuda de Alemães, para fazer aquilo que os Portugueses tinham obrigação de fazer.

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