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Enólogos provam vinho de 5 mil euros que esteve um ano no Espaço

Frederik Vandaele / Wikimedia

Garrafas de Chateau Petrus 2000.

Especialistas provaram uma garrafa de Chateau Petrus 2000, um vinho raro e caríssimo, que esteve na Estação Espacial Internacional durante um ano.

Uma equipa de cientistas enviou 12 garrafas de Chateau Petrus 2000 e 320 videiras de Merlot e Cabernet Sauvignon para a Estação Espacial Internacional (EEI) para investigar agricultura sustentável.

Agora, enólogos tiveram a sorte de experimentar um copo deste vinho de Bordéus que custa mais de 5 mil euros.

As garrafas e as videiras chegaram à EEI através da nave espacial da Northrop Grumman. Estiveram lá durante um ano, tendo sido expostas ao stress único do ambiente de microgravidade da estação.

Assim que regressaram à Terra, seguiram para o Institute of Vine and Wine Science (ISVV), da Universidade de Bordéus, em França. Os investigadores analisaram as mudanças sofridas durante a sua estadia no Espaço e, na semana passada, revelaram as descobertas preliminares numa conferência de imprensa.

De acordo com a VICE, os investigadores esperam que as descobertas feitas sirvam para apoiar uma iniciativa que visa aproveitar o potencial da microgravidade para a produção de produtos agrícolas resistentes às alterações climáticas.

Já em 1994, uma estudante da Universidade de Colorado, nos Estados Unidos, tentou fazer cerveja a partir de fermento enviado para a EEI. No entanto, só conseguiu produzir uma pequena quantidade que, segundo a própria, não era muito saborosa.

Nesta experiência, para surpresa dos investigadores, todos os 320 fragmentos de videira sobreviveram à estadia no Espaço e alguns já foram replantados.

“Elas estão a desenvolver-se muito, muito mais rápido do que as videiras normais”, disse Michel Lebert, diretor de Ciência da Space Cargo Unlimited, responsável pelo projeto de agricultura sustentável.

O sabor do vinho também sofreu alterações significativas. Um grupo de 12 enólogos e críticos abriram duas garrafas de Chateau Petrus 2000 e provaram o vinho para perceber as mudanças. Uma delas esteve na EEI, enquanto a outra era uma garrafa normal. Numa prova às cegas, onze dos doze participantes detetaram diferenças.

“Eu diria que as diferenças que mais encontrei foram com características florais acentuadas”, disse Jane Ansen, crítica de vinhos com um diploma em degustação na ISVV, citada pela VICE.

À medida que o Petrus envelhece, certos sabores são esperados, como violeta e peónia. Nas garrafas normais, esses sabores estavam, comparativamente, mais moderados.

Ansen estima que uma garrafa normal teria de envelhecer mais um par de anos até atingir os sabores da garrafa que esteve na Estação Espacial Internacional.

Os investigadores levantam a hipótese de que o stress sentido no Espaço, promovido pela microgravidade, acelerou o processo natural de envelhecimento que ocorre nas garrafas de vinho e levou as videiras a desenvolverem uma resiliência que está a contribuir para o seu rápido crescimento na Terra.

Daniel Costa, ZAP //

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