Várias empresas de camionagem, construção civil e restauração têm falta de mão-de-obra. Em alguns casos, a situação tem-se vindo a agravar há anos e piorou com a covid-19.
Citado pela TSF, o presidente do Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM) avisa que a tendência é para que o problema se agrave no setor.
Se no Reino Unido o Governo já teve de chamar militares para abastecer as bombas de gasolina devido à falta de motoristas, em Portugal vamos ter problemas semelhantes “porque não há novos motoristas a entrar na profissão”, explica Anacleto Rodrigues.
“Os que chegam são imigrantes que usam Portugal como ponto de passagem para ter documento para depois irem para o Norte da Europa onde as condições são mais atrativas e para onde muitos motoristas portugueses têm ido nos últimos anos”, acrescentou.
Anacleto Rodrigues diz que nunca viu tantas empresas a publicitar vagas, salientando que vê “todos os dias” dezenas de anúncios.
“Viver num camião é viver em quatro metros quadrados”, diz o presidente do SIMM, explicando que é o que acontece com os trabalhadores estrangeiros que vêm trabalhar para Portugal. A situação só se agravou com a pandemia, que levou a um aumento de encomendas feitas pela internet.
O presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário garante que a situação também é transversal ao setor da construção civil.
À TSF, Reis Campos sublinha que haverá 70 mil trabalhadores em falta, sendo “natural” um aumento de preços pois têm de pagar mais a quem está disponível para trabalhar.
Segundo o presidente da confederação, a solução pode passar pelo reforço da formação profissional e o aproveitamento dos trabalhadores inscritos nos centros de emprego.
Na restauração, a falta de mão-de-obra também é evidente. O presidente da Associação Nacional de Restaurantes (PRO.VAR) explica que, como alternativa, têm sido contratados trabalhadores estrangeiros.
Daniel Serra conta que, com a pandemia, “muitos habituaram-se a outra vivência” e “procuraram outras atividades, mudando de vida”.
Além disso, muitos estão no subsídio de desemprego e preferem continuar até que o subsídio termine em vez de regressar a um novo trabalho na restauração.