Embora já tenha morrido em 2015, Emanuele Sibillo continua a ser uma figura presente na Camorra, a máfia de Nápoles, sendo quase visto como uma divindade.
Em abril, as autoridades italianas retiraram o monumento fúnebre dedicado a Emanuele Sibillo, chefe de um grupo da Camorra, a máfia de Nápoles, conhecido como o “Bando das Crianças“, que se encontrava num beco no centro da cidade.
Emanuele Sibillo foi morto em 2015, com 19 anos de idade, num beco perto de Castel Capuano, pela família Buonerba, rival da família Sibillo.
De forma a prestar homenagem, foi construído um monumento de cerca de dois metros de altura na entrada do edifício onde vive a maioria da família, com uma espécie de altar dedicado à Virgem Maria que continha as cinzas de Sibillo e um busto do jovem.
De acordo com testemunhas, o clã de Sibillo chegou a obrigar os lojistas locais a ajoelharem-se em frente ao busto depois de pagar o “pizzo” (dinheiro de proteção), em sinal de submissão e respeito.
Sibillo era o líder de um grande grupo de menores e jovens que se tinham tornado assassinos na guerra entre famílias mafiosas da cidade, que deixou cerca de 60 mortos em três anos na região.
Conhecido em Itália como “baby boss”, Sibillo teve uma rápida ascensão na hierarquia do crime organizado napolitano. Com apenas 15 anos foi enviado para um centro de detenção juvenil, onde entrou num curso de jornalismo e desenvolveu uma paixão por videorreportagem.
Quando regressou às ruas, começou a recrutar jovens para um novo cartel. Sibillo liderou um rebelião contra os antigos clãs da Camorra para assumir o controlo da cidade. Eventualmente, o gangue conseguiu lutar pelo controlo do centro de Nápoles.
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Sibillo foi um dos primeiros jovens mafiosos a usar as redes sociais como uma poderosa ferramenta de propaganda. Ele e os seus associados exibiam o seu estilo de vida luxuoso no Facebook, publicando fotos de roupas caras, carros e restaurantes exclusivos.
Ao “mostrar todos os privilégios de ser um mafioso da Camorra”, eles tornaram-se influenciadores da máfia e “modelos” para as gerações mais jovens de mafiosos, explicou Marcello Ravveduto, professor da Universidade de Salerno e estudioso da história da Camorra, citado pela Vice.
Sibillo estava na vanguarda de uma mudança de paradigma na Camorra, cuja estrutura se assemelha agora aos gangues sul-americanos, em vez da tradicional máfia italiana familiar.
O jovem mafioso alcançou uma forma de divindade. “Ele é o patrono do seu bairro”, diz Ravveduto. “O próprio ato de fazer as pessoas ajoelharem-se diante do seu busto é um sinal de que, ainda hoje, este clã precisa de algo com que se identificar. A morte de Sibillo é um apelo à união, num mundo onde confrontos violentos entre fações em batalha acontecem quase diariamente”.
ZAP // Lusa