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Economistas avisam que os EUA podem enfrentar uma “recessão muito profunda” na sequência das acções de Elon Musk no Departamento de Eficiência Governamental, nomeadamente devido aos despedimentos em massa.
“Parece quase inevitável, neste momento que estejamos a caminhar para uma recessão muito, muito profunda“, alerta o professor de Políticas Públicas na Universidade da Califórnia, Jesse Rothstein, ex-economista do Departamento do Trabalho dos EUA durante a administração de Barack Obama.
Jesse Rothstein deixa avisos sobre as acções que Elon Musk está a tomar no Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), numa publicação na rede social Bluesky, onde se refere às centenas de milhares de pessoas despedidas da Função Pública norte-americana, e também aos cancelamentos de inúmeros contratos federais.
O professor universitário destaca que os números sobre o emprego revelam dados assustadores. “O relatório de emprego de Março (a ser divulgado a 4 de Abril) mostrará certamente maiores perdas de emprego do que em qualquer mês, com excepção de alguns em 2008-2009 e 2020″, nota.
“Acrescente-se a isto a enorme incerteza do mercado privado — como contratar nestas condições? — e isto vai ser muito, muito mau”, analisa ainda.
Parece estar criada a receita perfeita para uma recessão: o aumento do desemprego leva a uma queda no consumo, o que pode abrandar a actividade económica e o crescimento, e consequentemente, origina menos contratações.
“As universidades e outras instituições já estão a instituir congelamentos de contratações“, revela o professor de Políticas Públicas.
Mas ainda não se sabe ao certo que consequências é que os despedimentos em massa promovidos por Musk terão na economia americana – até porque o processo tem sido caótico.
Rothstein diz que se preocupa pelo facto de o Gabinete de Gestão de Pessoal dos EUA ainda não saber ao certo quantos trabalhadores foram mesmo despedidos. E “pode demorar algum tempo até que possa reportar com precisão” estes dados ao Gabinete de Estatísticas do Trabalho, para se ter uma ideia mais concreta da realidade, nota ainda o economista.
It seems almost unavoidable at this point that we are headed for a deep, deep recession. Just based on 200K+ federal firings & pullback of contracts, the March employment report (to be released April 4) seems certain to show bigger job losses than any month ever outside of a few in 2008-9 and 2020.
— Jesse Rothstein (@jrothst.bsky.social) February 19, 2025 at 1:37 AM
Musk tinha avisado das “dificuldades” que vinham aí
O próprio Musk admitiu, durante a campanha eleitoral que culminou com a vitória de Trump, que os EUA passariam, provavelmente, por algumas “dificuldades” financeiras quando começasse a cortar nas despesas.
“Temos de reduzir as despesas para viver de acordo com as nossas possibilidades, e isso envolve, necessariamente, algumas dificuldades temporárias, mas garantirá a prosperidade a longo prazo“, alegou, na altura, o bilionário, colocando-se ao nível das pessoas que precisam de fazer contas ao dinheiro no dia a dia.
Mas Rothstein prevê que os cortes de Musk podem ter consequências negativas a longo prazo. “Danos ainda maiores serão causados pela perda de produtividade do governo federal”, escreve o economista, sublinhando que “os trabalhadores que estão a perder os seus empregos valiam mais do que estavam a ser pagos”.
“Estamos todos mais pobres quando as estradas, os aviões e os alimentos não são seguros, quando os parques são encerrados”, alerta o professor universitário.
A situação é especialmente interessante, e grave, quando Musk é um mero “funcionário especial”, sem qualquer vínculo efectivo com a Casa Branca – uma forma de impedir o escrutínio a que estaria sujeito pelas entidades do país e que se aplica a todos os funcionários públicos.
Musk poderia não passar nesse “exame”, nomeadamente pela questão do consumo de drogas, que assume publicamente, mas sobretudo pelas suas relações complicadas com países estrangeiros, em particular com a Rússia.
O empresário americano tem feito várias visitas à Rússia, onde terá mantido conversas secretas com Putin. Um dado relevante à luz da actual posição norte-americana, completamente pró-russa, no âmbito da guerra na Ucrânia.
Dar um cheque de 4.700 euros a cada americano
Mas perante esta realidade de dificuldades para o povo, Musk já apresentou a Donald Trump uma ideia para amenizar a situação, sugerindo dar aos contribuintes 20% dos valores economizados na despesa federal com as suas medidas.
O bilionário referiu a possibilidade de entregar a cada norte-americano um cheque no valor de 5 mil dólares (cerca de 4.700 euros). Mas notou que a última palavra sobre o assunto é de Trump.
O DOGE anunciou na passada segunda-feira, 17 de Fevereiro, que já tinha conseguido uma poupança de 55 mil milhões de dólares nos cofres públicos dos EUA, com o cancelamento e a renegociação de contratos e arrendamentos públicos, a venda de activos, o cancelamento de subsídios e os despedimentos, entre outras medidas.
Um cheque de 5.000$ serve para quê, nos EUA? Talvez para as despesas de um ou dois meses. E depois? Desemprego. Este Musk é mais inteligente que o seu patrão, mas tem um ego igualmente grande e um sentido ético/moral de nível zero. Os MAGA ainda hão-de contestá-lo.
No século da estupidez era uma questão de tempo os estúpidos chegarem ao poder.
Essa língua portuguesa….
No Brasil creio que no título se escreveria a palavra MAL ou ao invés de MAU!
Existe diferença entre as 2 palavras….exemplos
Elé é MAU (contrario de BOM)
Ele está de MAL com a vida (contrário de BEM com a vida)
Caro leitor,
Não temos a certeza de como se escreveria no Brasil, mas na língua portuguesa o título está correto.
Caro Orlando, como não estamos no Brasil, estamos em Portugal, aqui escreve-se em português…de Portugal, claro está. Compreende?
Reduzir o peso do estado no máximo gera uma queda num primeiro momento. O dinheiro de toda esta gente não vem do nada, é despesas da população, se o dinheiro não vai para um lugar ele vai para outro, estado não faz mágica.
Se não sabes o que dizes, “Porque não te calas?”