O economista Peter Boone, que foi acusado pelo Ministério Público (MP) português de ter manipulado títulos da dívida portuguesa, admite processar o Estado por “investigação grosseiramente incompetente e negligente”, segundo uma nota enviada à Lusa pela sua defesa.
O economista canadiano Peter Boone prepara-se para processar o Estado Português por investigação grosseiramente incompetente e negligente conduzida pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e pelo Ministério Público”.
A intenção foi adiantada em nota à Lusa, poucos dias depois de ter transitado em julgado a decisão do Tribunal da Relação de Lisboa que confirma a decisão de não-pronúncia da acusação, decidida na primeira instância.
O economista, que em 2014 foi acusado pelo MP do crime de manipulação de mercados em 2010 e de ter conseguido ganhos de cerca de 820 mil euros com venda a descoberto de títulos de dívida portuguesa em 2010, admitiu também instaurar ações aos autores dos relatórios da CMVM relacionados com a investigação.
“É uma tragédia para Portugal que reguladores e procuradores do Ministério Público considerem apropriado usar as instituições do Estado para fabricar casos contra os críticos, em vez de focarem os seus esforços em prevenir o custo das crises financeiras que emergem sob os seus olhos”, considerou Peter Boone.
O doutorado em Harvard, que sempre viu na acusação do MP um ataque à liberdade de expressão, considerou que “o veredicto do Tribunal da Relação torna claro que o MP tentou, de forma ilegal, alargar o crime de manipulação de dívida além do seu âmbito legal, de forma a torná-lo uma ferramenta mais eficiente para silenciar críticos”.
Para a defesa do economista canadiano, Portugal fica agora na “indesejável posição de o Tribunal Europeu lhe vir a apontar mais violações do direito à liberdade de expressão do que a qualquer outra nação europeia”.
Peter Boone, do Centro de Desempenho Económico da London School of Economics, e Simon Johnson, antigo economista do FMI, publicaram em 2010, no blogue Economix, do New York Times, um artigo defendendo que o país corria o risco de bancarrota e incumprimento, intitulando que Portugal seria “o próximo problema global”.
Os autores apontavam os problemas da dívida pública portuguesa e defendiam que o país iria seguir o caminho da Grécia, pedindo um regaste internacional.
Poucos dias após a publicação, a CMVM deu início a uma investigação ao artigo de opinião, mandando ainda uma carta de solicitação de assistência internacional à Autoridade dos Serviços Financeiros do Reino Unido, para obter mais informações.
Na altura, o regulador do mercado português concluiu que era “exagerado e parcial” considerar que Portugal seria o próximo a necessitar de assistência financeira e, mais tarde, acusou Peter Boone de “tentar manipular o mercado“.
Isto porque, após a publicação do artigo, a taxa de juro das obrigações portuguesas a 10 anos iniciou uma subida vertiginosa, passando de 4,395% para um máximo de 6,285%: um desempenho originado pela queda do preço das obrigações, com a qual Boone terá alcançado uma mais-valia de 819 mil euros graças a uma posição curta, segundo o MP, que acaba por acusar o economista de crime de manipulação de mercado em 2015.
Para o MP, o arguido tinha interesse na desvalorização da dívida portuguesa e na subida das taxas de juro, uma vez que só a respetiva desvalorização permitia recuperar a dívida com mais-valias e potenciar os seus ganhos.
Além disso, segundo o MP, , nos artigos que escrevia o economista não fazia referência explícita a possíveis conflitos de interesse, como o facto de estar ligado à Salute Capital Management, que prestava serviços de aconselhamento de investimento em dívida pública portuguesa ao ‘hedge-fund’ Moore.
Ora, em outubro de 2016, o Tribunal de Instrução Criminal decidiu-se pela não-pronúncia de Peter Boone, retirando as acusações, sendo que o Ministério Público recorreu desta decisão um mês mais tarde.
Mais recentemente, em 21 de junho, o Tribunal da Relação confirmou a decisão da primeira instância e, em 12 de julho, a decisão do Tribunal da Relação de Lisboa transitou em julgado, segundo informação da defesa do economista.
// Lusa
um artista, no meio de outros artistas !
Um “artista” que avisou da crise iminente e que os governantes da altura não só não pareciam saber, mas até negaram. Quando se faz dos governantes e inocentes e de quem nos avisou, de vilão, está tudo dito! O falso ” patriotismo” é paralelo ao fanático clubismo Português, infelizmente.
Os juizes tiveram medo de se bater com o gajo e quem paga? os mesmos que pagam ós meretissimos.
Mais uma do Teixeira dos santos e seus apaniguados. Diz este Senhor que gastou uma pequena fortuna a defender-se. Agora deve querer uma grande fortuna e é bem feito. Paga zé contribuinte e não bufes!
Tribunal da Relação de Lisboa a 21/06/2017. Processo 4798/12.5TDLSB.L1
RECORRENTE: Peter David Boone (e não: “Ministério Público”)
Decisão: NEGADO PROVIMENTO (!).
Afinal, como é ?!
Não gosto deste tipo de “artistas”. Normalmente manipulam os mercados a seu favor…
Mas o Governo Português também se tem “posto a jeito” destes indivíduos/instituições abusarem e estragarem a nossa credibilidade nos mercados.
No final, é mais culpa dos nosso governantes do que destes “artistas”…
Estes indivíduos vivem de especulação financeira. Atiram palavras da boca pra fora e como os meios de comunicação lhes dão cobertura, a coisa alastra-se e as acções e obrigações sofrem variações anormais. Agora ainda quer processar o Estado Português e ir apanhar mais dinheiro do que aquele que ganhou por ter arrotado falsidades. Reparem que ele deve ser de má rês, olhem o nariz dele, está empenado para dentro, alguém que ele tentava “manipular” que não gostou e lhe deu troco.