“E se corre bem?”: Foi assim que começou a dinastia do novo “Rei Leão”

Sporting CP / Twitter

Rúben Amorim, treinador do Sporting

Quem diria, há quatro anos, que iria ser o “benfiquista” Rúben Amorim a salvar um leão ferido? Afinal, correu mesmo bem, Amorim.

Faz hoje quatro anos – 05/04/2020 – que o presidente do Sporting Frederico Varandas assumiu o “risco”, pagou 10 milhões ao SC Braga e apresentou Rúben Amorim como novo treinador (o terceiro daquela época).

Depois da invasão a Alcochete (em maio de 2018) e dos episódios a envolver o antigo presidente Bruno de Carvalho, o Leão – que pouco rugia – não estava a conseguir encerrar de vez aquela “Dinastia”.

Desde Jorge Jesus (que acabou por deixar o Sporting dias depois da invasão e da final da Taça de Portugal perdida para o Aves) que a “selva leonina” carecia de um novo “Rei”. Os craques “fugiram” todos e o Sporting, cada vez mais mediano, não conseguia sair da senda de maus resultados.

Depois de várias tentativas falhadas, com Siniša Mihajlović, José Peseiro, Marcel Keizer e Jorge Silas, Frederico Varandas jogou uma cartada inesperada e apostou no “benfiquista” Rúben Amorim.

Rúben Amorim, que tinha vencido uma Taça Liga em janeiro ao serviço do SC Braga, vinha com um projeto revolucionário para o Sporting e, desde logo, mostrou-se determinado a implementá-lo. Era o Seu Projeto.

“As pessoas falam muito do momento do Sporting… do risco que é para o Sporting e para o treinador mudar neste momento… perguntam: e se corre mal? Mas eu faço a pergunta contrária: e se corre bem?“, questionou o antigo internacional português, na apresentação.

Aquela retórica carismática, afinal, não era desprovida de sentido, e Amorim continuava: “Nós podemos mexer com esta gente, dar o que esta gente precisa. O Sporting precisa de uma nova vida. E se nós conseguirmos fazer isso?“.

Aquelas palavras apresentação eram o prenúncio de uma nova dinastia leonina.

O Sporting, que precisava de “uma nova vida”, precisava também de tempo. Naquela época, 2019/20, Rúben Amorim já não foi a tempo de “salvar” o Sporting do quarto lugar, mas, no ano seguinte, começou a revolução.

Com uma equipa muito jovem, num 3-4-3 inesquecível, e em plena pandemia da covid-19, o leão conseguiu matar um jejum de 19 anos e foi campeão nacional.

Nessa época, 2020/21, Rúben Amorim também já tinha levado os leões à conquista da Taça da Liga – feito que voltou a repetir no ano seguinte, ao qual juntou a Supertaça Cândido de Oliveira.

No ano passado, a máquina de Amorim fracassou – 0 títulos e o Sporting voltou a ficar em quarto lugar no campeonato. Mas o treinador de 39 anos soube dar a volta: reinventou o projeto, foi buscar Viktor Gyökeres e o Sporting desta época volta a jogar, até ao momento, o melhor futebol do campeonato.

Neste momento, mesmo com menos um jogo a menos, o Sporting é líder da I Liga; está nos quartos-de-final da Liga Europa; e, na Taça de Portugal (título interno que falta no palmarés de Amorim), está em vantagem na meia-final, frente ao Benfica.

Agora sim, há três candidatos em Portugal

Em 2015, quando Jorge Jesus foi apresentado no comando técnico do Sporting, vindo do eterno rival do Benfica, fez uma promessa aos adeptos verde-e-brancos: “a partir de hoje não há dois candidatos em Portugal [referindo-se ao Benfica e ao FC Porto], há três candidatos em Portugal” – mas acabou por não cumprir (ou, pelo menos, como os adeptos queriam).

Agora sim, há três candidatos em Portugal (ou talvez só um…). Rúben Amorim conseguiu implementar o Seu Projeto – e um projeto vencedor.

“E se corre bem?” Já correu, Amorim.

Miguel Esteves, ZAP //

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