A tecnologia está a assistir a uma pandemia de “inteligentificação”. Todo e qualquer objecto parece poder tornar-se mais inteligente e passar a dispôr de um leque mais abrangente de funcionalidades que, até agora, pareciam ser impossíveis de conjugar.
A CES mostrou-nos mais uns quantos exemplos desta realidade: frigoríficos com portas transparentes, sensores digitais de glúten e até patos de borracha que se conectam ao teu smartphone.
A fila de utensílios domésticos que ainda não foram explorados por uma empresa tecnológica com o objectivo de o deixar mais “smart” está a encurtar e, desta vez, à custa dos relógios de parede.
O Glance é o smartwatch que vai poder pendurar em casa e a proposta deste relógio é simples: condensar toda a informação dos teus wearables, trackers, apps e gadgets de sua casa num dispositivo simples que se cruza facilmente com o teu olhar.
O mostrador tem 12 polegadas de diâmetro e a sua bateria é capaz de aguentar até 6 meses.
Nele pode consultar coisas como a sua agenda, os teus ciclos de sono ou a chegada de um Uber que chamaste há 10 minutos.
A informação é disponibilizada de forma original e sempre articulada com o mostrador analógico que foi claramente utilizado para não o descaracterizar da sua categoria de “relógio de parede”.
“O problema com os telemóveis é que monopolizam totalmente a tua atenção”, escreve David Rose em The Enchanted Objects, a obra que inspirou o CEO e fundador da Glance, Anton Zriashchev, a criar este relógio.
“Há uma oportunidade de nos descolarmos deste ecrã e espalhar aplicações por objectos do dia-a-dia, como secretárias, roupa, jóias. Simplesmente por todo o lado. Seria uma forma muito mais simpática de interagir com tecnologia”, diz Rose.
E é com base nessa filosofia que podemos olhar para o Glance como um objecto do processo de descentralização tecnológica a que assistiremos nos próximos tempos.
Isto significa que objectos tão simples como o seu relógio de parede podem fornecer informações tão úteis quanto a chegada de um novo e-mail à tua caixa de correio e no futuro, quem sabe, até as paredes do teu quarto o poderão fazer.
É a internet das coisas a funcionar na sua plenitude.