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Pela primeira vez, um drone transportou os pulmões de um dador em segurança. Voo demorou seis minutos

Pela primeira vez na história da medicina, um drone aéreo transportou os pulmões de um dador com rapidez e segurança entre dois hospitais.

O voo, que durou apenas seis minutos, ocorreu no passado dia 25 de setembro – e fez uma ligação entre o Toronto Western Hospital e o Toronto General Hospital.

Esta inovação no transporte de órgãos mostra-se muito relevante pois tem o potencial de acelerar a transferência de órgãos do dador para o recetor, principalmente em áreas urbanas.

Segundo o Toronto Star, os minutos poupados na viagem podem fazer a diferença entre a vida ou a morte dos pacientes que aguardam por um transplante. Nestes casos, o tempo é ainda fundamental para garantir que os órgãos que serão transplantados continuam a ser viáveis.

Notavelmente, os pulmões são um dos órgãos mais desafiantes no que diz respeito à sua conservação, já que mantê-los oxigenados e funcionais não é uma tarefa fácil.

Tal como indica o Toronto Star, 80% dos pulmões que são doados acabam por não ser usados em transplantes por esse motivo.

“Este é um passo importante tanto na perspetiva de aviação como na perspetiva da saúde”, referiu Mikaël Cardinal, vice-presidente da gestão de programas para sistemas de distribuição de órgãos da Unither Bioélectronique, a empresa responsável pelo desenvolvimento dos drones, em comunicado.

Apesar do voo ter durado apenas seis minutos, os engenheiros da Unither Bioélectronique têm trabalhando arduamente na preparação da curta viagem ao longo dos últimos 18 meses.

Para o transporte, a equipa criou um contentor leve de fibra de carbono capaz de resistir a mudanças de elevação, pressão e vibrações. Os voos de teste foram realizados com pacotes fictícios, e o contentor foi equipado com um paraquedas e um sistema GPS antes de ser declarado apto para a viagem.

“Momento muito emocionante”

Shaf Keshavjee, cirurgião-chefe da Rede Universitária de Saúde do Canadá, esperou ansiosamente pela chegada do drone.

“Vê-lo passar por cima dos prédios foi um momento muito emocionante”, referiu o médico, acrescentando que deu um “suspiro de alívio” quando o drone pousou e pode verificar que “estava tudo bem”.

No entanto, os pulmões, não são o primeiro órgão a subir aos céus. Em 2019, um rim foi entregue por drone em Baltimore, enquanto córneas e um pâncreas também já fizeram uma viagem aérea.

A equipa por trás da inovação espera que esta possa abrir caminho para a entrega de órgãos semi-autónomos, melhorando a disponibilidade e distribuição eficaz de órgãos para transplante.

“Com esta tecnologia única, poderemos um dia transportar órgãos com menos barreiras logísticas e eliminar a necessidade de transportar equipas cirúrgicas inteiras em aeronaves maiores. Os drones podem ajudar os órgãos a chegar às pessoas que precisam deles, de forma mais rápida e económica”, sublinha a Unither Bioélectronique.

A empresa pretende agora estender o alcance das suas aeronaves, na esperança de desenvolver drones que podem voar 160 quilómetros, e que mais tarde alcancem os 320 quilómetros.

“Em última análise, pretendemos que os drones aéreos entreguem pulmões, corações e rins em toda a América do Norte”, afirmou Martine Rothblatt, CEO da United Therapeutics, empresa que controla a Unither Bioélectronique.

Ana Isabel Moura, ZAP //

 

 

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