Reportagem do Jornal de Notícias alerta para o uso perigoso de cocaína misturada com uma substância cancerígena, já retirada do mercado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) pelos mesmos motivos.
Fenacetina é um analgésico e o nome da substância que, quando “traçada” com a famosa cocaína, dá origem ao que os traficantes chamam droga “Euromilhões”. O nome faz jus à mistura — uma vez misturada, os traficantes conseguem multiplicar a quantidade do estupefaciente, que assim coloca grandes lucros nos bolsos dos criminosos.
Além de conter substâncias cancerígenas, o efeito da fenacetina também é prejudicial para os rins, segundo concluiu a OMS aquando da proibição da sua circulação.
A escolha deste fármaco por parte dos traficantes prende-se ao facto de apresentar o mesmo sabor e alguns efeitos semelhantes à cocaína. Também lhe dá, alegadamente, um brilho que atrai os consumidores.
Três casos de cancro entre os consumidores da mistura já foram identificados, segundo o jornal, pela associação Arrimo, que apoia toxicodependentes na zona do Porto — dois dos identificados já faleceram.
Dizem os consumidores ao Jornal de Notícias que a droga é mais forte do que a habitual cocaína.
“O pessoal fica atrofiado”, confessa António (nome fictício) — enquanto a cocaína costumava deixá-lo “mais concentrado e inteligente”, o “Euromilhões” deixa-o “com sono”.
Os toxicodependentes conseguem, só pelo olhar, verificar se a droga tem, ou não, “Euromilhões”. “Se o cubo de crack brilhar tem”, garante “Ana” ao jornal, que reforça que o efeito da nova droga “não presta” e “dura pouco”.
A substância será usada maioritariamente na América do Sul, mas também nos países europeus onde é vendida. Quando chega ao consumidor final, a cocaína já foi misturada diversas vezes e o quilo e preço de venda inicial multiplicado.