Se a pandemia de covid-19 não ficar controlada até dia 10 de janeiro, o PSD vai endurecer o discurso até às legislativas.
Face à antecipação das medidas de contenção da pandemia, o PSD apontou a existência de “incongruências” entre os dados disponibilizados – menos mortes e menos internamentos – e a decisão do Governo.
Por esse motivo, o partido entende que ou o Executivo de António Costa está a esconder previsões mais alarmantes ou a dramatizar a situação e a aproveitar o “medo” para ser bem sucedido nas eleições de janeiro.
“As pessoas com medo tendem a votar no que já existe“, referiu fonte social-democrata ao semanário Expresso. “António Costa vai tentar aproveitar-se deste medo, sobretudo se vir que o PSD está a descolar” nas sondagens.
A estratégia do PSD deverá ser, por isso, muito semelhante ao discurso de encerramento feito por Rui Rio no Congresso do partido: o líder alertou para a elevada taxa de mortalidade não-covid, para o preconceito ideológico do Governo na articulação com o privado e para a falta de capacidade de resposta do SNS.
Ainda esta terça-feira, numa reação às medidas anunciadas, Ricardo Batista Leite apostou no mesmo discurso: o Governo falhou no “planeamento”, deslocou recursos do SNS para o reforço da vacinação e fê-lo sem acautelar um “plano de emergência” para quem tem outras doenças não-covid.
“Tínhamos alertado no final do verão para a necessidade de planear as doses de reforço. Infelizmente, estamos a poucos dias do Natal e esse trabalho ainda não foi feito, agora estamos a correr atrás do prejuízo”, afirmou, em declarações à Lusa.
Fonte ligada à direção de Rio assegurou ao Expresso que a postura do partido será de “não obstaculização”, pelo menos até dia 10 de janeiro.
Depois disso, carregam-se armas e reforça-se o discurso, uma vez que, se a pandemia não estiver controlada, será uma prova de que o Governo voltou a falhar. Haverá ainda 20 dias até às eleições e o jogo poderá não estar perdido.
Para estas eleições, a campanha do PSD terá o orçamento mais baixo que o partido apresenta desde 2005 (até quando recuam os registos da Entidade das Contas e Financiamentos Públicos (ECFP).
Rui Rio conta gastar 1,95 milhões de euros, menos 500 mil euros do que o PS e o valor mais baixo apresentado pelos sociais-democratas em legislativas.