Dormir oito horas ou dar 10 mil passos. As metas de saúde resultam mesmo?

Há muita verdade e também alguns mitos por trás das velhas recomendações de metas para a saúde.

Todos conhecemos as velhas metas diárias recomendadas pelas autoridades de saúde, como dormir oito horas todas as noites, dar 10 mil passos por dia ou beber oito copos de água diariamente. Mas será que a ciência ainda suporta estas ideias?

Comecemos pelos 150 minutos de exercício semanais. A recomendação geral mínima é que os adultos façam 150 minutos de exercício físico moderado por semana ou então 75 minutos de exercício mais vigoroso, relata o Science Focus.

“Se seguir as recomendações, tem uma percentagem entre 11% e 15% menor de morrer de qualquer problema em comparação com as pessoas que não fazem nada e o seu risco de morrer de ataque cardíaco é 20% menor“, explica Gavin Sandercock, professor de ciências do exercício da Universidade de Essex.

Esta recomendação é uma versão diluída das primeiras diretrizes emitidas em 1991, que defendiam a realização de 150 minutos de exercício moderado, mas preferivelmente vigoroso, para além daquilo que já fazemos, em sessões de pelo menos meia hora.

No entanto, é mais fácil contabilizarmos o tempo específico que dedicamos ao exercício mais vigoroso do que termos ideia de quantos quilómetros caminhamos, o que explica a simplificação da diretriz.

Então, e os 10 mil passos por dia? “A meta dos 10 mil passos foi um truque produzido para os Jogos Olímpicos de 1964 em Tóquio, por uma empresa de conta-passos”, explica Sandercock.

Um dos principais problemas com esta meta é falta de confiança que temos nos conta-passos, que tendem a contar qualquer pequeno movimento como um passo. Ter um destes aparelhos também tende a não resultar em mudanças na atividade a longo-prazo, já que os participantes tendem a voltar aos velhos hábitos rapidamente.

Sandercock recomenda assim antes que aumente o número de passos diários em cerca de 15%. Geralmente, 6000 passos também já são suficientes para se notar uma melhoria nos indicadores de saúde.

14 unidades de álcool e oito horas de sono

Há muito que ouvimos que entre sete a oito horas de sono por noite é o número ideal para os adultos. De acordo com Nilong Vyas, da consultora de sono Sleepless in NOLA, a maioria das pessoas diz sentir-se com mais energia quando cumpre esta meta, mas este valor é mais um número ideal do que algo que nos deve stressar.

“Tem mais a ver com criarmos uma meta de sono dentro de um estilo de vida que nos permite fazê-lo”, explica, recomendando ainda que não se use dispositivos eletrónicos pelo menos uma hora antes de dormir.

Outro número muitas vezes referido como o limite é consumir 14 unidades de álcool por semana. No entanto, até o consumo moderado de bebidas alcóolicas está associado a vários problemas de saúde, como um aumento do risco de desenvolver cancro ou doenças cardíacas.

Ian Gilmore, presidente da Alcohol Health Alliance UK, explica que “a grande maioria das pessoas não sabe que o álcool está associado a sete cancros comuns, incluindo o cancro da mama e do cólon” e recomenda que os consumidores regulares tentem passar alguns meses sem beber.

“Alcohol Change, a caridade por trás do Janeiro Seco, mostrou que entre seis e 12 meses depois, há uma melhoria significativa na relação de algumas pessoas com o álcool. É mais sobre mostrar-lhes que podem passar sem beber, dar-lhes uma oportunidade de recomeçar a sua relação com o álcool“, refere Gilmore.

ZAP //

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