Mais de metade das mulheres assassinadas no mundo em 2017 foram mortas pelo companheiro ou familiares, o que faz da própria casa “o lugar mais perigoso do mundo para uma mulher”.
Neste estudo difundido por ocasião do Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, assinalado no domingo, o gabinete da ONU sobre Drogas e Crime (UNODC) calculou que de um total de 87 mil homicídios de mulheres registados no ano passado, cerca de 50 mil (58%) foram cometidos por companheiros ou familiares.
Destes, cerca de 30 mil (34%) foram perpetrados pelo parceiro da vítima. “Isto significa que cerca de seis mulheres são mortas em cada hora por alguém que elas conhecem”, observou o gabinete da ONU, com sede em Viena.
“Elas são aquelas com mais probabilidade de serem mortas pelo companheiro ou familiares o que faz do domicílio o local mais perigoso para uma mulher“, sublinhou. “O facto das mulheres continuarem a ser vítimas deste tipo de violências mais que os homens denota um desequilíbrio nas relações de poder entre homens e mulheres na esfera doméstica”, acrescentou.
De acordo com os cálculos do UNODC, a taxa global de mulheres vítimas de homicídio eleva-se a 1,3 vítimas por 100 mil mulheres.
A África e as Américas são as regiões do mundo onde as mulheres correm maior risco de serem mortas pelo companheiro ou familiar. Em África, a taxa é de 3,2 vítimas por 100 mil mulheres. Nas Américas, 1,6, na Oceânia 1,3 e na Ásia 0,9. A taxa mais baixa observa-se na Europa, onde é de 0,7.
A ONU acrescentou que “nenhum progresso tangível” para combater este crime foi conseguido nos últimos anos, “apesar das legislações e de programas desenvolvidos para erradicar a violência contra as mulheres”.
As conclusões do relatório “sublinham a necessidade de uma prevenção da criminalidade e de uma justiça penal eficazes para enfrentar a violência contra as mulheres”. O documento defendeu também uma melhor coordenação entre a polícia e a justiça para que os autores da violência sejam responsabilizados pelos atos.
O relatório sublinhou ainda a importância de implicar os homens nas soluções, nomeadamente através da educação nas idades mais jovens.
// Lusa