Dois terços dos suíços disseram “não” à preservação da biodiversidade

 O país é dos mais ameaçados pela extinção de espécies, mas mais de 60% dos seus habitantes consideraram que uma proposta de preservação da biodiversidade é “extrema” e “custosa”.

A Suíça, conhecida pela beleza natural, como os lagos cristalinos e os majestosos picos alpinos, está entre os países mais ricos do mundo cuja vida vegetal e animal está sob maior ameaça.

Num referendo recentemente realizado, os ambientalistas procuravam fazer aprovar legislação que garantisse melhor proteção da biodiversidade do país .

No entanto, chamada a pronunciar-se, a população suíça votou contra as medidas de proteção de biodiversidade propostas, que eram apoiada por várias organizações ambientais.

Em causa estavam 400 milhões de francos suíços (cerca de 421 milhões de euros) destinados ao aumento do financiamento público para encorajar agricultores a preservar terras e rios.

As medidas propostas tinham como objetivo que a fauna e a flora locais, imagens de marca do país, se desenvolvam sem interferência humana. Propunha-se ainda a proibição da construção de novas linhas férreas nas áreas protegidas.

Os resultados do referendo refletiram no entanto um descontentamento geral: cerca de dois terços da população (mais de 60%) votaram contra as medidas, apoiadas pela esquerda e pelos verdes.

O partido de direita, que predomina no parlamento, bem como o executivo, manifestaram-se contra a medida, argumentando que já são gastos cerca de 600 milhões de francos suíços (aproximadamente 631 milhões de euros) anualmente na proteção da biodiversidade.

No website da campanha contra a medida, lê-se que esta “limitaria severamente a produção (sustentável) de energia e alimentos, restringiria o uso de florestas e áreas rurais para turismo e tornaria a construção mais cara”. A mensagem é clara:  “SIM à biodiversidade, mas NÃO à iniciativa extrema da biodiversidade.”

“Este problema permanecerá, independentemente do resultado da votação”, afirma o Partido Verde da Suíça, em declarações citadas pela Fast Company.

As associações ambientais recordaram também a quarta posição da Suíça no ranking da OCDE para países com as maiores taxas de espécies ameaçadas em todas as oito categorias de vida selvagem.

Em abril, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos acusou a Suíça de não estar a fazer o suficiente para conter o impacto das alterações climáticas.

CBP, ZAP //

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