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Doentes “não-Covid” são empurrados para fora do SNS, denunciam associações

As atenções do Ministério da Saúde parecem estar todas voltadas para o combate à pandemia de covid-19. Várias associações afirmam que os outros doentes têm ficado para trás.

Alexandre Guedes da Silva, presidente da Sociedade Portuguesa de Esclerose Múltipla (SPEM), disse à Renascença que os doentes crónicos “foram empurrados para a periferia e com a covid-19, foram empurrados para fora do SNS – Serviço Nacional de Saúde”.

Esta é a realidade que se parece sentir no terreno, à medida que o adiamento de consultas, exames e tratamentos alteram rotinas e remetem o cuidado “às pessoas com doenças crónicas para telefonemas e e-mails”.

“Perderam-se milhares de atos médicos, milhares de exames, colocam-se em causa tratamentos porque exigem protocolos de segurança que implicam o acompanhamento do doente. Exames regulares, em muitos casos não foram feitos; há medicação que foi parada porque não havia condições de seguir os sintomas e os efeitos secundários. Sem fisioterapia, muita gente perdeu a capacidade de andar, de deglutir, de escrever”, indica.

Parece certo que, perante este cenário, o estado de saúde e milhares de doentes “não-Covid” se agravou e muitos doentes não resistiram. Aliás, entre as vítimas mortais “não-Covid”, a maioria eram doentes crónicos, “que não foram tratados”.

Tamara Milagre, presidente da EVITA – Associação de Apoio a Portadores de Alterações nos Genes relacionados com o Cancro Hereditário, apresentou recentemente outro dado relevante: os cancros hereditários representam cerca de 10% dos mais frequentes, letais e ainda 10% dos cancros pediátricos.

Acontece que, segundo os cálculos da associação, mais de 2700 diagnósticos de doença oncológica foram cancelados.

Por falta de respostas da ministra da Saúde Marta Temido,as associações de doentes da Convenção Nacional da Saúde voltam-se agora para o Presidente da República, a quem apelam a que exerça o seu poder de influência junto do Governo para que todas as doenças sejam consideradas uma prioridade a combater.

ZAP //

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