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Documentos internos do governo chinês revelam plano “sem piedade” contra muçulmanos

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O jornal norte-americano New York Times recebeu 403 páginas de documentos internos do governo chinês relacionados com a limpeza étnica na província de Xinjiang.

Nesta província, foram criados mais de 500 campos de concentração onde uigures, cazaques e outras minorias étnicas predominantemente muçulmanas foram submetidos a tortura, violação e experimentação médica.

A história começa com uma onda de ataques terroristas em 2014, sendo mais notável o ataque de esfaqueamento numa estação de comboio com mais de 150 vítimas. O ataque levou a um discurso interno do presidente vitalício Xi Xinping, que argumentou que um contágio de extremismo islâmico semelhante a um vírus tinha infetado os habitantes da região.

Xi argumentou que a China deveria aprender com a linha dura americana sobre terrorismo e usar os “órgãos da ditadura” para erradicar o islamismo, mostrando “absolutamente nenhuma piedade“.

Xi comparou as correntes políticas na região com os movimentos de independência nas regiões periféricas da URSS nos últimos dias, quando a “frouxidão ideológica” e a “liderança covarde” permitiram que o império soviético fosse destruído. O presidente exortou mesmo ao recurso a “armas da ditadura democrática popular” que “devem ser manejadas sem qualquer hesitação”.

Em 2016, a visão de Xi foi sobrecarregada por uma mudança no governo regional, quando Chen Quanguo foi nomeado por Xinjiang. Chen já tinha sido o oficial de linha dura encarregado do Tibete e tinha sido responsável pelos abusos sistemáticos dos direitos humanos no país.

Desde 2017, as autoridades em Xinjiang detiveram centenas de milhares de uigures, cazaques e outros muçulmanos nestes campos de detenção onde são submetidos a meses ou anos de doutrinação e interrogatório. O objetivo final era transformá-los em leais seguidores do Partido Comunista Chinês.

Outros documentos revelam uma divisão interna da autoridade estatal chinesa sobre as potenciais consequências das medidas de limpeza étnica, que alguns funcionários pensavam poderiam dar origem a uma nova geração de radicais, e a necessidade de cumprir a linha dura de Xi e Chen sobre minorias étnicas e dissidência religiosa.

Embora ainda não se saiba quem divulgou os documentos, o NYT especula que tenham sido enviados por autoridades chinesas descontentes com as medidas autoritárias e as violações dos direitos humanos.

As práticas repressivas do Governo chinês têm vindo a ser denunciadas por várias organizações não governamentais de defesa dos direitos humanos, as Nações Unidas e por vários governos, nomeadamente o Governo turco. Perante as acusações, as autoridades chinesas preferiam chamar a estes centros, campos de formação em regime de internato.

ZAP //

4 Comments

  1. A China detém grande parte da economia da America e infelizmente alguma parte da da Europa.
    https://pt.wikipedia.org/wiki/Iniciativa_do_Cintur%C3%A3o_e_Rota (exemplo)
    Com isto quero dizer, que mesmo que se faça denúncias a China nunca será punida pelas atrocidades que comete, porque tem tudo medo “de ficar sem dinheiro” e da WWIII.
    Agora pensem, com o que se anda a passar em Hong Kong, todos aqueles presos pela polícia militar da China (mascarados de policia HK) estarão a fazer aos HKs…

  2. Estamos sob vários tipos de dominação, uns mais expressos que outros, uns mais materiais que outros.
    Mas a abordagem do PC Chinês, ao domínio do mundo, é das mais asustadoras.

  3. Nem mais. Estamos perante um grande problema que ainda não está no seu auge. A China é um monstro que quanto mais tarde, mais dificil será de parar.
    É governado por gente muito perigosa, com ideias assustadoras. Se não for a própria economia interna a detê-los ou uma rebelião, poderá surgir daí outra guerra mundial, e hoje em dia a guerra é fácil de fazer remotamente. Tempos negros para a humanidade.

  4. O engraçado nisto tudo é que os “Julien Assanges e Rui Pintos” destas denúncias são uns heróis dos americanos por lhes serem convenientes…

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