Só no ano passado, mais de 70 pessoas foram salvas por dádivas de dadores portugueses. Alice precisa de ajuda.
“Esta é a minha filha Alice. Não me sinto confortável a partilhar uma foto dela online, mas a situação exige uma abordagem pouco ortodoxa”.
A publicação foi feita neste sábado por João Pedrosa, o pai da criança que tem leucemia.
O tratamento da Alice correu muito bem ao longo do ano passado e a criança parecia não correr qualquer risco.
“De repente teve uma recaída”, relata o seu pai: “Agora o protocolo de tratamento é mais pesado e ela vai precisar de um transplante de medula óssea”.
Qualquer pessoa pode ajudar. Em qualquer país.
O processo para avaliar a compatibilidade é simples: tirar uma amostra de sangue e declarar o interesse da pessoa em tornar-se dador.
E doar medula óssea ajuda mesmo. Os números do Centro Nacional de Dadores de Células de Medula Óssea, Estaminais ou de Sangue do Cordão confirmam.
Só em 2022, houve 72 pessoas que foram salvas por dádivas de dadores portugueses; mais seis do que em 2021.
A maioria das dádivas seguiu para estrangeiro, relata o Jornal de Notícias. A pessoa mais nova a ser salva foi um bebé da Noruega que tem apenas 1 ano.
No entanto, desde que a pandemia apareceu, o número de dadores inscritos começou a cair, ano após ano. Agora são quase 392 mil.
O Instituto Português do Sangue e da Transplantação explicou que o “desaparecimento” de mais de 11 mil dadores tem diversos motivos.
Mas o problema essencial é a idade (o limite é 45 anos). A média etária dos dadores em Portugal é de 39 anos, mais alta do que a média europeia (32 anos).
Além disso, em 2022 houve 88 potenciais dadores que não aceitaram realizar a dádiva quando foram chamados.
Portugal recebeu 62 dádivas de dadores de outros países, sobretudo da Alemanha (41). O português mais novo que foi ajudado tinha apenas 4 anos. É mais novo do que Alice.
Regras para ser dador de medula óssea: ter entre 18 e 45 anos, ser saudável, pesar no mínimo 50 quilos, ter pelo menos 1,50m de altura e nunca ter recebido uma transfusão de sangue desde 1980.
O dador preenche um formulário, cede uma pequena amostra de sangue e fica registado nas bases de dados nacional e mundial até aos 55 anos.
Pode ser chamado anos depois. Ou pode nunca ser chamado. Mas o registo está lá e alguém pode agradecer.