Para Ventura, há risco real de eleições antecipadas. Divisão interna no Chega

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Tiago Petinga / Lusa

Em causa a decisão sobre a votação do Orçamento do Estado para 2025: votar contra é suicídio ou é sinal de força?

A votação do Orçamento do Estado para 2025 será fundamental para o futuro próximo do Governo – e do Chega.

Mesmo com um documento que tem medidas propostas pela oposição, e aprovadas pela alegada “coligação” PS-Chega, não é certo que o partido de André Ventura deixe passar o Orçamento.

Ventura tem dado sinais de que vai dificultar a vida ao Governo e, dentro do partido, há quem concorde com o seu líder. Mas também há quem discorde.

Por um lado, elementos do partido vêem o chumbo do Orçamento como um um suicídio político. Seria uma crise que “ninguém quer”, cita o Observador.

Outros elementos do Chega insistem que o partido não pode ceder a Luís Montenegro, o primeiro-ministro que anunciou e cumpriu o famoso “não é não”, de nunca se aliar ao Chega.

“Ou damos ao Governo dois anos para ir gerindo a coisa, dando uns tostões a uns e a outros; ou vamos para novas eleições. As duas hipóteses comportam muitos riscos“, comentou um deputado do Chega.

Também há outra vertente: quem acha que é preciso ter mais dados antes de decidir.

Mas André Ventura tem noção de que o cenário de eleições antecipadas é mesmo real. Por isso, disse aos seus deputados para continuarem focados e estarem preparados para ir a votos (novamente) em breve.

Dentro do partido, há admissões: “Estamos a jogar xadrez com o Luís Montenegro e a coisa não está a correr de forma perfeita”, disse um elemento do Chega ao mesmo jornal – que acha que o partido deveria viabilizar o Orçamento do Estado porque eleições antecipadas “não interessam a ninguém”.

“Temos de ser responsáveis. Se não o fizermos, ficaremos numa situação política muito delicada. Passaríamos uma imagem de irresponsabilidade. Chegámos à idade adulta e temos de ser adultos“, continua.

Mas, no outro extremo, e longe da ideia do “risco enorme” ao rejeitar o Orçamento, surge outra perspectiva: “Se Luís Montenegro continuar com esta teimosia, não estou a ver nenhuma maneira de votarmos a favor do Orçamento do Estado”, avisa um dirigente do Chega.

O mesmo elemento contou que André Ventura já avisou os deputados que não iria aprovar o Orçamento do Estado “só nesse cálculo político e para que nos preparássemos, porque poderiam estar em causa eleições antecipadas“, reforçou.

Depois, entra a pergunta importante: o que vai o PS fazer na votação? Ninguém sabe. E provavelmente Pedro Nuno Santos fica à espera que André Ventura dê o primeiro passo (anunciar antes como vai votar), mas André Ventura também pode ficar à espera que Pedro Nuno faça o mesmo.

ZAP //

2 Comments

  1. Agarra-me, que eu parto isto tudo…
    Cuidado André e senhores deputados do Chega, porque pode acontecer que numas próximas eleições legislativas venha a acontecer o que sucedeu há dias nas eleições europeias. Senhores deputados do Chega, o Sr. André com toda a certeza que não perde o lugar, mas muitos de vocês vão perdê-lo… pensem duas vezes. Também não se dá pela ausência da grande maioria dos senhores, a não ser quando o André manda votar de determinada forma. Não percam muito tempo a pensar…

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  2. Sim … espero que o André Ventura e o Partido Chega não caiam na ” tentação ” de votar contra o Orçamento de Estado 2025. O 1º ministro Luis Montenegro está a trabalhar e bem, há uma certa acalmia social, promessas eleitorais a serem cumpridas … por isso, André Ventura continua o teu projecto mas, tem cuidado e cautela ! Não é preciso votar a favor ou contra. Pode abster-se. É o melhor.

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