As dívidas das famílias aos bancos por conta do crédito para a casa têm vindo a aumentar todos os meses desde junho de 2020, sendo já a média dos contratos superior a 60 mil euros, um máximo desde o início da série do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), cujos dados remontam a janeiro de 2009.
“Considerando a totalidade dos contratos, o valor médio da prestação subiu três euros, para 264 euros. Deste valor, 46 euros (17%) correspondem a pagamento de juros e 218 euros (83%) a capital amortizado”, explica o relatório divulgado na quinta-feira pelo INE e citado esta sexta-feira o pelo Jornal de Negócios.
A subida dos encargos mensais com a casa está relacionada com os juros mais elevados (devido à evolução da Euribor) e com o aumento sucessivo do montante devido por cada família à banca, alimentado pelo ‘boom’ imobiliário. O capital médio em dívida para a totalidade dos contratos subiu 344 euros em julho face ao mês anterior, fixando-se em 60.405 euros.
A dívida do conjunto dos créditos tem sido influenciada pelos novos empréstimos. Para os contratos celebrados nos três meses terminados em julho, o montante médio do capital em dívida foi de 127.678 euros, mais 627 euros que em junho. Em 2022, este valor já escalou mais de sete mil euros na média de cada novo contrato.
O capital médio devido e as prestações pagas pelas famílias que têm crédito à habitação aumentam de forma consistente desde outubro de 2017, lembrou igualmente o jornal.
Considerando apenas os novos contratos (celebrados nos últimos três meses), a prestação média situa-se em 425 euros, mais 16 euros do que em junho. Em comparação com o segmento de novos contratos celebrados nos três meses terminados em janeiro, o agravamento alarga-se para 67 euros por cada família.
Os 425 euros de prestação pagos atualmente na média dos novos contratos são o valor mais elevado desde o início da série do INE, que remonta a janeiro de 2009.
Nos contratos celebrados nos últimos três meses, o salto é ainda maior com a taxa de juro média a avançar de 1,158% em junho para 1,289% em julho.
Olhando apenas para o financiamento para a aquisição de habitação, a taxa de juro implícita para o total dos contratos avançou 5,4 pontos base para 0,928% em julho face ao mês anterior. Nos contratos celebrados nos últimos três meses, a taxa de juro subiu 13,2 pontos base face ao mês anterior, fixando-se em 1,295%.
Na construção e na reabilitação, a tendência é a mesma com os juros a subirem para 0,73% e 1,08%, respetivamente. Em todos os casos trata-se de máximos dos últimos dois anos.
“Um aumento das prestações irá ocorrer e irá impor dificuldades acrescidas às famílias, mas não prevemos um aumento do incumprimento com a magnitude do passado”, afirmou o CEO da Caixa Geral de Depósitos, Paulo Macedo, na apresentação de resultados trimestrais do banco público.
Da mesma forma, o CEO do BCP, Miguel Maya, sublinhou não esperar “nos próximos dois anos nenhuma subida de empréstimos em incumprimento com base no aumento de custos financeiros relacionados com o aumento das taxas de juro”, referindo ver um risco maior na crise energética.
“A taxa de juro é das variáveis que menos preocupa”, disse por sua vez o presidente executivo do Santander Totta, Pedro Castro e Almeida.