Um discurso que o ditador Adolf Hitler escreveu em 1939 foi vendido em leilão, na semana passada, na Alemanha, por 34.000 euros, noticia a agência noticiosa AP.
De acordo com a revista norte-americana Vice, que cita a AP, o discurso do líder nazi, de nove páginas, foi vendido a um licitador anónimo num leilão da Hermann Historica.
A leiloeira, sediada em Munique, defendeu a venda do manuscrito, alegando que o discurso em causa era historicamente significativo e pertencia a um museu.
“Se destruirmos estas coisas e estas não forem para um museu, onde especialistas podem trabalhar a partir delas, deixaremos a interpretação do que estava acontecer para os apologistas nazis de direita, que dirão que Hitler nunca disse isto”, disse o diretor da leiloeira, Bernhard Pacher, citado pela agência noticiosa.
A lei alemã proíbe a exibição de símbolos e imagens de cariz nazi, mas a memorabilia deste regime é legal, desde que os símbolos estejam cobertos, segundo a Deutsche Welle.
Alguns grupos judeus manifestaram-se contra o leilão, afirmando que este só serviu para glorificar os nazis e encorajar o anti-semitismo.
“Não consigo entender a pura irresponsabilidade e insensibilidade, num clima tão febril, de vender itens como as divagações do maior assassino de judeus do mundo para a licitação mais alta (…) O que leilões como este fazem é ajudar a legitimar os entusiastas de Hitler que prosperam com este tipo de coisa”, disse o rabino Menachem Margolin, líder da Associação Judaica Europeia , citado em comunicado.
A Hermann Historica leiloou vários objetos associados ao regime nazi nos últimos anos, entre os quais uma das fardas do líder nazi (300.000 dólares), uma cartola de Hitler (55.000), uma cópia do manifesto autobiográfico de Hitler “Mein Kampf” (130.000), bem como um vestido de Eva Braun, esposa do ditador (4.600).
A cartola e o manifesto vendidos anteriormente foram comprados por Abdallah Chatila, um milionário de origem libanesa, que os doou posteriormente à associação Keren Hayesod, uma fundação judaica israelita.
Em declarações à Deutsche Welle, o empresário disse, em meados de 2019, que comprou os objetos apenas com um objetivo: evitar que fossem utilizados por neonazis.
“É extremamente importante, para mim, que os objetos daquele doloroso período não acabem nas mãos erradas“, disse o empresário libanês.